Brasil, 2 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

A militarização da economia russa e seus impactos sociais

O crescimento do setor bélico na Rússia impacta negativamente a economia e a vida da população, exacerbando desigualdades.

No cenário global atual, a Rússia se destaca por um modelo econômico que prioriza a militarização, refletindo uma lógica de guerra que se intensificou desde o início do conflito na Ucrânia. O presidente Vladimir Putin mantém um curso firme na reestruturação da economia, onde o setor de armamento se beneficia de unificação de recursos e tecnologias, enquanto outros segmentos enfrentam severas dificuldades.

Crescimento do setor bélico

Segundo a análise de Aleksandra Prokopenko, especialista em relações internacionais, a economia russa vive uma “economia de duas velocidades”. Enquanto o setor de defesa cresce e se enriquece com um fluxo constante de recursos, pequenas e médias empresas e o setor de consumo sofrem com sanções e restrições financeiras. As estatísticas indicam que a produção de armas e munições disparou, apresentando taxas de crescimento de dois dígitos, ao passo que a produção de bens civis caiu significativamente.

Efeitos da militarização na economia

A escolha do Kremlin de priorizar a indústria bélica é impulsionada por um sistema de “aspirador de pó econômico”, que redistribui recursos de segmentos menos prioritários para os essenciais para a guerra. Isso tem efeitos devastadores na estrutura da economia, desestabilizando setores civis e solidificando a dependência do governo da receita militar. A inflação elevada e a queda do padrão de vida da população são consequências diretas dessa política, que privilegia o gasto militar em detrimento do bem-estar social.

O papel da demanda militarizada

A demanda no mercado consumidor está reprimida pela inflação, enquanto o investimento privado é praticamente eclipsado pelos gastos públicos. Antigamente, as receitas provenientes de petróleo e gás serviam de base para uma economia mais diversificada e estável, mas atualmente, essa realidade se transformou. Com a guerra em andamento, a economia está profundamente dependente das receitas militares, que são alimentadas por um fluxo reduzido das exportações de petróleo e gás, agora vendidos a preços mais baixos para novos compradores na Ásia.

Expectativas para o futuro

O futuro da economia russa é incerto. Estima-se que o setor de defesa consuma cerca de 8% do PIB. Para que os gastos militares possam ser reduzidos sem provocar colapso econômico, algumas condições precisam ser respeitadas, como a diminuição das ameaças externas e uma eventual revogação parcial das sanções internacionais. A transformação da estrutura defensiva poderá demandar uma requalificação da mão de obra militar, um desafio difícil sob a atual conjuntura.

A longo prazo, um “complexo militar-industrial popular” poderia surgir, no qual pequenas e médias empresas ganhassem espaço e pudessem colaborar na produção a custos mais baixos, permitindo maior flexibilidade econômica. No entanto, progredir nessa direção exige mais do que apenas um toque de sorte. A capacidade do governo de se adaptar a essa nova realidade econômica poderá determinar o futuro da Rússia em meio à crescente militarização.

*Artigo publicado em AsiaNews

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes