A central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, está enfrentando um blackout após um ataque de bombardeios russos que atingiu a rede elétrica no norte do país. A situação crítica foi relatada por autoridades ucranianas, que destacam a gravidade do incidente para a segurança nuclear da região.
Contexto do incidente
Segundo o Ministério da Energia da Ucrânia, o ataque ocorreu na quarta-feira, quando um bombardeio russo mirou uma instalação de energia na cidade de Slavutych, que abriga o complexo nuclear. O ataque resultou na desativação de uma instalação essencial que cobre a quarta unidade do reator da central, crucial para evitar a liberação de materiais radioativos.
Após o bombardeio, uma situação de emergência foi declarada, e especialistas estão trabalhados para restaurar o fornecimento de eletricidade. O ministério comunicou, via Telegram, a seriedade da situação: “Devido a picos de tensão, o Novo Confinamento Seguro, que isola a unidade de potência destruída da Chernobyl NPP e previne a liberação de materiais radioativos no meio ambiente, ficou sem fornecimento de energia”.
Um histórico de riscos
Este não é o primeiro incidente que levanta preocupações sobre a segurança em Chernobyl desde o início da guerra em 2022. Em fevereiro, um drone armado com uma ogiva atingiu a estrutura protetora da planta, provocando um incêndio temporário. Na ocasião, a Ucrânia responsabilizou a Rússia pelo ataque, enquanto Moscou negou qualquer envolvimento. Em resposta a esse incidentes, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que os níveis de radiação não apresentaram aumento.
A central de Chernobyl é o local do pior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986, que resultou na morte de pelo menos 30 pessoas e na contaminação de vastas áreas do Hemisfério Norte. Desde então, a segurança na região se tornou uma preocupação constante, especialmente com o aumento dos conflitos armados ao redor de instalações nucleares.
Preocupações com outras plantas nucleares
A insegurança em Chernobyl se reflete também em outra instalação nuclear da Ucrânia: a planta de Zaporizhzhia, a maior da Europa. Embora tenha sofrido ataques com drones durante o conflito, a planta não sofreu danos significativos. No entanto, ela está sem fornecimento externo de eletricidade desde 23 de setembro, o que novamente acendeu os alarmes sobre a segurança da instalação.
Desde que foi tomada por forças russas no início da guerra, a planta de Zaporizhzhia não fornece energia à rede elétrica, mas precisa de eletricidade para resfriar seus seis reatores inativos e a água de resfriamento do combustível usado. Geradores de emergência estão mantendo os sistemas em funcionamento, mas essa situação não é viável a longo prazo.
Consequências e apelos para ação
Rafael Grossi, chefe da AIEA, enfatizou a importância de restaurar rapidamente um fornecimento externo de energia confiável para a segurança das instalações nucleares. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky descreveu a situação como “crítica”, destacando que os sistemas de backup não foram projetados para uso prolongado, o que aumenta o risco de uma catástrofe nuclear.
Diante desta situação alarmante, tanto a Ucrânia quanto a comunidade internacional estão atentas ao desdobrar dos eventos em torno de Chernobyl e outras instalações nucleares na região, reafirmando a necessidade de medidas urgentes para garantir a segurança e proteger a população da ameaça de um desastre nuclear.