Após o início da paralisação administrativa nos Estados Unidos, o dólar opera em queda de 0,17%, cotado a R$ 5,3135 às 10h45, enquanto o Ibovespa subia 0,34%, aos 146.728 pontos, nesta quarta-feira (1º). A incerteza internacional provoca volatilidade nos mercados, com atenção especial às decisões no cenário americano e brasileiro.
Impactos do shutdown nos EUA e cenário global
A paralisação, que começou à meia-noite desta quarta, é resultado do impasse entre democratas e republicanos no Congresso dos EUA. O governo federal suspendeu quase todas as atividades, incluindo a divulgação do payroll de setembro, prevista para esta semana, o que aumenta a incerteza sobre a saúde da economia americana e as projeções de juros pelo Federal Reserve.
Mesmo com a paralisação, o calendário de indicadores econômicos nos EUA inclui dados como emprego privado, PMI de indústria, gastos com construção, estoques de petróleo e discursos de membros do Fomc, que continuam afetando a percepção dos investidores. A expectativa é que o Federal Reserve possa reduzir novamente os juros na reunião de outubro, uma decisão influenciada pela fraqueza do mercado de trabalho.
Mercado brasileiro e desempenho econômico
No Brasil, a atenção se volta ao PMI da indústria de setembro e ao fluxo cambial semanal, que oferecem sinais sobre o humor dos investidores. Apesar da desaceleração da indústria, que apresentou seu pior desempenho em quase dois anos e meio, o otimismo persiste com expectativas de melhora na demanda e nos negócios com os Estados Unidos, segundo analistas.
Na terça-feira, a Câmara dos Deputados iniciou a votação do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma medida que pode influenciar o consumo e a arrecadação tributária. O mercado acompanha de perto essas movimentações, enquanto o dólar acumula queda de 1,83% no mês e o índice brasileiro registra alta de 21,58% no ano.
Contexto internacional e bolsas globais
Nas bolsas internacionais, os Estados Unidos enfrentam queda, refletindo a crise política, com futuros do Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq em queda de até 0,67%. Em contrapartida, as bolsas europeias operam em alta, impulsionadas por avanços em setores como o de saúde, após acordo entre Pfizer e Trump para redução de preços de medicamentos.
Na Ásia, as bolsas fecharam em baixa, pressionadas por ajustes após altas recentes e por mercados chineses fechados devido a feriados. O índice Nikkei do Japão caiu 0,85%, atingindo seu menor nível em três semanas, enquanto outros mercados asiáticos tiveram variações mistas.
Perspectivas e panorama econômico
Analistas destacam que a paralisação nos EUA deve continuar influenciando os mercados globais nas próximas semanas, enquanto o Brasil deve permanecer atento às negociações internas e aos indicadores econômicos. A expectativa é de maior volatilidade até que haja um desfecho político em Washington, impactando juros, câmbio e investimentos.
Para o especialista Leonel Mattos, da StoneX, “a decisão do Fed de reduzir juros e a fragilidade do mercado de trabalho americano reforçam o movimento de maior atratividade pelo real diante do dólar, embora o cenário de incerteza ainda limite ganhos mais elevados”.