O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, do partido Patriota, é considerado pela Polícia Federal como um dos principais suspeitos de chefiar uma milícia em Feira de Santana, na Bahia. A operação deflagrada nesta quarta-feira (1°) resultou na busca por Binho e na prisão de sua esposa, Mayana Cerqueira, e de seu filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, além de outras seis pessoas, incluindo quatro policiais militares.
A operação e suas repercussões
A investigação, que já resultou em outras prisões anteriormente, evidencia a preocupação das autoridades com a atuação de grupos milicianos na Bahia. A PF identificou que o grupo liderado pela figura do deputado está envolvido em crimes como lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar, agiotagem, extorsão e receptação qualificada.
Binho Galinha, natural da cidade de Milagres e residente em Feira de Santana há mais de três décadas, foi eleito deputado estadual em 2022. Desde então, sua trajetória política tem sido marcada por polêmicas e agora, por suspeitas graves que colocam em xeque sua legitimidade como representante do povo baiano.
Denúncias e relacionamentos perigosos
Conforme documento do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Binho Galinha lavava dinheiro por meio de empresas de fachada, especificamente por meio de uma loja de autopeças denominada Tend Tudo. Investigações apontam que a loja recebeu R$ 40,7 milhões sem a devida comprovação de receitas. Além disso, a empresa é acusada de movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados, indicando um esquema de lavagem estruturalmente organizado.
Suspeitas envolvendo o filho e a esposa
O filho do deputado, mesmo sendo menor de idade na época, é apontado como responsável por movimentações financeiras com valores significativos, totalizando cerca de R$ 474 mil repassados ao pai. Já a esposa, Mayana, também é implicada nas investigações que envolvem movimentações financeiras irregulares e laços com outros envolvidos em atividades ilícitas.
Operação Estado Anômico
Recentemente, a operação “Estado Anômico” buscou desmantelar a organização criminosa associada a Binho Galinha. Durante a ação, 100 policiais, 11 auditores fiscais e três analistas tributários da Receita Federal estiveram envolvidos na operação. Além das prisões, cerca de R$ 9 milhões em contas bancárias dos investigados foram bloqueados, e diversos mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
A escolha do nome da operação se relaciona com a ideia de desregulamentação e caos social, enfatizando a necessidade de se restaurar a ordem e a aplicação da lei na sociedade. A PF afirmou que as investigações continuarão em busca de outros possíveis envolvidos no esquema.
A fase anterior das investigações
Ressalta-se que esta não é a primeira vez que Binho Galinha enfrenta problemas legais. A Operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, também focou suas atividades em acusações contra o deputado, mas, em junho último, o Superior Tribunal de Justiça anulou essa operação, citando irregularidades na coleta de provas, particularmente no uso de relatórios sigilosos do Coaf.
A decisão do STJ, embora favorável ao deputado, não exime a seriedade da nova operação e das denúncias que permanecem. A equipe de assessoria do deputado manifestou que ele sempre esteve disposto a colaborar com a Justiça e reafirmou seu compromisso com a legalidade.
Próximos passos e as implicações da investigação
Atualmente, Binho Galinha é considerado foragido, e a PF segue em busca de sua captura. Caso as denúncias sejam confirmadas, os envolvidos podem enfrentar penas altas, que se somadas podem ultrapassar 50 anos de reclusão. O caso levanta, ainda, discussões sobre corrupção política e a necessidade de medidas mais robustas para combater milícias que operam de forma clandestina.
Com a continuidade das operações e investigações, a população da Bahia aguarda ansiosamente resultados concretos que possam limpar a política e restaurar a confiança nas instituições. O envolvimento de um parlamentar em atividades tão sérias revela a urgência de uma mudança significativa na abordagem da segurança e da ética pública em todos os níveis de governo.
Os desdobramentos deste caso ainda são incertos, mas certamente continuarão a ser acompanhados de perto pela mídia e pela sociedade civil, que demanda justiça e a erradicação do crime organizado em suas diversas formas.