Os incêndios florestais que ocorreram no Tocantins durante o ano de 2025 deixaram um rastro preocupante de destruição, afetando mais de 800 mil hectares de vegetação. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), embora o total de áreas queimadas tenha diminuído em 30% em comparação a 2024, a situação ainda é alarmante e atrai a atenção de especialistas que alertam sobre as consequências ambientais e sociais desse fenômeno.
Consequências dos incêndios florestais
A presença constante de incêndios florestais no estado levanta questões sérias sobre a preservação do meio ambiente. Vera Arruda, pesquisadora do IPAM/MapBiomas Fogo, destaca que os incêndios intensos prejudicam a vegetação nativa ao reduzir a diversidade de espécies que não estão adaptadas ao fogo. Ela explica também que isso pode acelerar a degradação do solo e aumentar a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo ainda mais para o aquecimento global.
No primeiro semestre de 2025, o Tocantins registrou 2.623 focos de incêndio, o que representa cerca de 13,6% do total nacional. Esses números indicam que a região continua sendo um ponto crítico para incêndios florestais no Brasil.
Incêndios criminosos: um problema crescente
Os dados revelam que muitos dos incêndios registrados são resultados de ações criminosas. A lei proíbe a queima em qualquer região do Tocantins durante determinados períodos do ano. No entanto, em setembro, foram confirmados vários casos de indivíduos ateando fogo em vegetação, desrespeitando as normas estabelecidas. Apenas no mês de setembro, foram registrados 2.381 focos de calor.
Um caso emblemático ocorreu em Dianópolis, onde um homem foi detido após ser flagrado ateando fogo em um lote baldio, o que resultou em dois incêndios subsequentes que atingiram veículos na área. Situações como essa não apenas comprometem o meio ambiente, mas também afetam a vida de muitos moradores, como foi o caso de Paula Juca, residente da região, que relatou que produtores rurais da área perderam até 80% de suas colheitas devido aos incêndios.
A luta contra incêndios florestais
As autoridades locais estão cientes da gravidade da situação e redobraram esforços para combater os incêndios e prevenir novas ocorrências. O Corpo de Bombeiros de Palmas realiza monitoramento contínuo da serra que circunda a capital, reconhecendo a sensibilidade da região e a dificuldade de acesso em diversos pontos. O tenente Moisés Bissoto menciona que o trabalho de prevenção aumentou significativamente nos últimos cinco anos, com uma atuação coordenada entre a corporação e os municípios, formando brigadas que atuam nas áreas mais críticas.
Punições severas para crimes ambientais
As penalidades para aqueles que praticam incêndios criminosos são severas. O delegado José Lucas explica que a conduta de atear fogo em áreas de vegetação pode ser classificada como dois tipos de crime: o previsto no Código Penal, que prevê pena de até seis anos de reclusão, e o crime específico da lei de crimes contra o meio ambiente, que pode resultar em pena máxima de quatro anos. O aumento das punições é necessário para desestimular essas ações, que causam danos irreparáveis ao ecossistema.
O cenário de incêndios no Tocantins em 2025 evidencia a importância de ações coletivas e do comprometimento de todos na luta contra os incêndios florestais. O futuro das áreas afetadas depende de uma conscientização maior sobre a preservação ambiental e da aplicação rigorosa das leis que proíbem essas práticas destrutivas.
Continua sendo crucial aumentar a educação ambiental, monitorar a ocorrência de incêndios e facilitar o acesso a recursos para os agricultores afetados, garantindo que possam se reerguer após as perdas significativas. O Tocantins, com sua rica biodiversidade, espera que crises como essa sejam enfrentadas com habilidade e responsabilidade para proteger o seu patrimônio natural.