A Eletrobras, maior empresa de energia elétrica da América do Sul, enfrenta uma fase de transformação após a abertura de sua capital para o mercado em 2022. Com uma rede capaz de abastecer 75 milhões de lares no Brasil, a estatal busca consolidar sua recuperação financeira e operacional, refletindo uma tentativa de modernizar uma história marcada por dificuldades na privatização.
Resultados positivos e avanços na gestão da Eletrobras
Após o anúncio de um lucro de R$ 10,4 bilhões em 2024, acima dos R$ 3,6 bilhões de 2022, a empresa busca consolidar sua posição no mercado. Segundo o diretor financeiro, Eduardo Haiama, a estratégia inclui a venda de ativos não essenciais, como usinas termelétricas, e mais desinvestimentos planejados para o futuro. Haiama afirma que, apesar dos avanços, a saída do controle estatal ainda apresenta obstáculos devido à sua estrutura de ações de dupla classe, que mantém o governo com 45% do controle.
Investimentos e modernizações em expansão
Desde que a privatização começou, a Eletrobras vem investindo em expansão de sua infraestrutura. Em 2025, anunciou a aplicação de mais de R$ 6 bilhões em linhas de transmissão, além de planejar desinvestimentos em participações minoritárias em ativos avaliados em mais de R$ 30 bilhões, como revelou Haiama.
O presidente Ivan Monteiro destaca o progresso na transparência e eficiência da companhia. Ele afirma que, desde sua chegada em setembro de 2023, a gestão tem promovido cortes de custos, redução de pessoal e uma cultura orientada ao setor privado. Monteiro também ressaltou que o foco atual é melhorar o posicionamento de longo prazo da empresa, com estratégia de recuperação sustentável.
Desafios do mercado e impactos da transformação energética
A transformação do setor energético, com forte crescimento de fontes renováveis como solar e eólica, pressionou os preços da eletricidade e dificultou contratos de longo prazo. Ainda assim, a empresa opera com uma parcela significativa de capacidade ainda não contratada, estimada entre 32% e 43% para 2027, conforme análise da companhia.
O mercado também observa a questão dos dividendos, que têm oscilações devido à busca por equilibrar a satisfação dos acionistas com investimentos em modernização. Monteiro alertou que os dividendos elevados recentes não devem ser considerados o novo padrão, pois dependem do cenário macroeconômico e da estratégia de retomada da empresa.
Perspectivas e desafios futuros na privatização
Apesar das melhorias, a conclusão do processo de privatização da Eletrobras ainda enfrenta obstáculos políticos e estruturais. Os analistas indicam que uma mudança de governo, queda nas taxas de juros e uma estratégia contínua de redução de custos são essenciais para que a empresa seja plenamente avaliada como uma companhia privatizada.
O impacto dessa história serve de lição para toda a América Latina, que também vive uma onda de privatizações de estatais. Na Argentina, o presidente Javier Milei prometeu privatizar várias empresas públicas, refletindo uma tendência de mercado que busca maior eficiência e competitividade.
Impactos sociais e ativos relacionados
No Brasil, a privatização trouxe discussões sobre os efeitos sociais, como o caso dos aposentados da Eletrobras que tiveram pensões descontadas para cobrir rombos de fundos, além de ativos que ainda permanecem sob controle da estatal, como aeroportos, hotéis e cinemas em cidades energizadas pela companhia.
Monteiro reforça que a empresa mantém seu objetivo de modernizar suas operações e criar oportunidades futuras, mesmo diante dos desafios políticos e econômicos que ainda perduram na sua trajetória de recuperação.
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