Brasil, 1 de outubro de 2025
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A crise do atendimento remoto: futuro incerto para beneficiários do Medicare

A expiração das políticas de teleatendimento do Medicare pode deixar milhões de idosos sem acesso aos cuidados de saúde necessários.

No início da pandemia de COVID-19, o governo dos Estados Unidos, sob a administração do então presidente Donald Trump, implementou um programa que permitia que os beneficiários do Medicare acessassem seus cuidados de saúde pela Internet. Essa modalidade, conhecida como telemedicina, logo se tornou essencial, permitindo que muitos pacientes, especialmente idosos, evitassem deslocamentos e aglomerações em hospitais e consultórios durante a pandemia.

A popularidade da telemedicina

De acordo com dados, quase metade dos beneficiários do Medicare utilizou serviços de telemedicina em 2020. Muitos encontraram nesse formato uma solução rápida e prática, principalmente durante o auge da pandemia, evitando assim viagens longas e salas de espera lotadas. Contudo, essa comodidade está ameaçada, pois o programa está prestes a expirar em 30 de setembro, a menos que haja uma ação do Congresso.

História de vidas tocadas pela telemedicina

Dan e Doreen Nishimi, residentes de Elk Grove, Califórnia, são um exemplo claro dos impactos positivos da telemedicina. Com 82 e 78 anos, respectivamente, Doreen, que passou por cirurgia de câncer de mama, prefere realizar suas consultas com o oncologista de forma virtual, evitando a viagem de 27 milhas. Dan, que sofre de hipertensão pulmonar, também se beneficia muito das visitas virtuais que lhe evitam o esforço de carregar cilindros de oxigênio e usar um scooter para se deslocar até o médico.

“Se não houvesse visitas por vídeo, eu nunca veria um médico, pois sair de casa é extremamente difícil para mim,” relata Dan, que tem uma consulta virtual agendada para a próxima semana.

A urgência da ação do Congresso

Além do programa de telemedicina, outro serviço relacionado, o “cuidados agudos em casa”, que permite que pacientes se recuperem sob monitoramento em seus lares, também está com seu futuro em risco. O Centro de Serviços Medicare e Medicaid (CMS) anunciou que todos os pacientes devem ser liberados ou retornarem ao hospital em 30 de setembro, a menos que haja um novo acordo legislativo.

Antes da pandemia, a maioria dos pacientes do Medicare enfrentava barreiras significativas para acessar o atendimento remoto. Esses beneficiários precisavam residir em áreas rurais específicas e realizar a consulta em locais previamente designados, como consultórios médicos. Contudo, durante a crise sanitária, o Congresso aprovou exceções que possibilitaram a expansão dos serviços de telemedicina.

Quais são as perspectivas futuras?

A partir de 2024, o uso de telemedicina entre os beneficiários do Medicare diminuiu, com cerca de 25% dos pacientes fazendo uso desses serviços, segundo o CMS. Entretanto, ainda há muitos que dependem desse formato, principalmente pacientes imunocomprometidos ou aqueles que residem a longas distâncias dos consultórios médicos.

Embora os serviços de telemedicina relacionados à saúde mental devam continuar após 30 de setembro, a continuidade de outros tipos de atendimentos permanece incerta. Alguns prestadores de serviços podem optar por manter as consultas virtuais, enquanto aguardam uma possível ação do Congresso. Porém, pequenas instituições podem não ter a flexibilidade financeira para isso e podem precisar reprogramar pacientes em um futuro próximo, na expectativa de que a situação se resolva.

Pressão sobre os prestadores de serviços

Dr. James Marcin, diretor do Centro de Saúde e Tecnologia da Universidade da Califórnia, Davis, afirmou que é crucial que os provedores de saúde continuem oferecendo consultas de telemedicina, mesmo sem garantias de reembolso. “Seria desastroso para muitos pacientes terem suas visitas reprogramadas ou terem que ir ao consultório pessoalmente,” enfatiza Marcin.

Instituições como o Mass General Brigham Medical Group, que expandiram suas capacidades de telemedicina nos últimos anos, planejam manter a oferta desses serviços para pacientes do Medicare, na esperança de que o Congresso encontre uma solução rapidamente.

A necessidade de uma solução permanente

Defensores da telemedicina argumentam que, mesmo que o Congresso eventualmente estenda as flexibilidades, é necessário que a regulamentação sobre o atendimento remoto sob o Medicare se torne mais permanente. Isso não apenas aliviaria o estresse dos provedores, mas também garantiria que clínicas de saúde rural, que enfrentam dificuldades de investimento devido a reembolsos inadequados, pudessem se adaptar a essa modalidade de atendimento de forma eficaz.

Um ponto importante levantado é que se o programa de telemedicina do Medicare não for estendido, isso pode impactar também os segurados privados, criando incertezas em todo o sistema de saúde. “À medida que o Medicare vai, assim vai a nação,” afirma Kyle Zebley, executivo do ATA – American Telemedicine Association.

Por fim, a inércia do Congresso em estender as flexibilidades de telemedicina denuncia um problema mais profundo nas operações legislativas, onde soluções permanentes são frequentemente trocadas por extensões temporárias, adiando decisões fundamentais.

O futuro da telemedicina no Medicare permanece em limbo, enquanto milhões de beneficiários aguardam por uma decisão que poderá mudar radicalmente a forma como acessam os cuidados de saúde.

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