No Distrito Federal, passageiros com deficiências físicas e doenças crônicas estão se deparando com um obstáculo significativo: a suspensão do cartão especial que concede o direito ao transporte gratuito. Essa situação tem gerado um impacto negativo na vida diária de muitos que dependem desse benefício para se locomover, especialmente em tempos difíceis de tratamentos médicos e compromissos acadêmicos.
Denúncias de bloqueios de cartões
Stephanie de Paulo Barbosa, uma universitária e estagiária que depende de fisioterapia, é um dos muitos usuários afetados. Desde julho, seu cartão especial está bloqueado, mesmo com a regularização de seu cadastro no BRB Mobilidade. “Eu pego quatro ônibus por dia só para o estágio, e estou sem ir às aulas da UnB porque não tem como arcar do meu bolso”, relatou.
A situação de Stephanie revela não apenas a dificuldade financeira, mas as implicações diretas na continuidade de seus estudos e tratamentos médicos. “Vou ter que adiar todo o plano da minha fisioterapia porque ainda não posso arcar com os custos”, lamenta.
Outro caso similar é o de Francisco Oliveira, um eletricista que realiza quimioterapia semanalmente no Hospital de Base. Ele também reclama da burocracia envolvida na renovação do cartão. “Fiquei internado cinco meses, sai e fui diretamente no posto do BRB Mobilidade da 112 Sul. Dei entrada, entreguei os laudos médicos, mas dizem que não tem previsão para entrega”, desabafou.
A resposta da Secretaria da Pessoa com Deficiência
Em resposta às queixas, a Secretaria da Pessoa com Deficiência afirmou que está organizando uma força-tarefa com médicos da secretaria de saúde para zerar a fila de processos de renovação do cartão. Além disso, a pasta estuda a possibilidade de renovar o benefício para pessoas com deficiência permanente, sem a necessidade de nova perícia médica.
Porém, a secretaria também mencionou que existem “pendências a serem sanadas” nos cadastros de Stephanie e Francisco, os quais foram destacados em uma matéria da TV Globo.
Processo de recadastramento do cartão especial
O cartão especial, que oferece o benefício do Bilhete Único, tem validade de até dois anos, com o objetivo de prevenir fraudes e manter os dados atualizados. Para que o recadastramento seja efetivado, é necessário apresentar uma série de documentos, incluindo:
- RG ou certidão de nascimento (caso o requerente seja menor de idade);
- CPF;
- Comprovante de residência atualizado (com data de emissão de até 60 dias);
- Foto 3×4 ou equivalente;
- Laudo médico.
Os interessados podem enviar a documentação para recadastramento de duas maneiras: presencialmente no Posto de Mobilidade da Galeria 112 Sul ou pelo sistema web Passe Livre. Para o envio online, é necessário solicitar a reabertura do cadastro pela Central de Atendimento BRB Mobilidade, através do telefone (61) 3120-9500.
Reflexão sobre as dificuldades enfrentadas
A realidade de pessoas como Stephanie e Francisco ilustra a necessidade urgente de um sistema de transporte mais acessível e eficiente para aqueles que mais precisam. As dificuldades enfrentadas não apenas impactam o cotidiano, mas também podem prejudicar o tratamento de saúde e a educação dos cidadãos. É fundamental que as autoridades se empenhem em buscar soluções que garantam a inclusão e o acesso pleno aos serviços essenciais.
O caso de bloqueios de cartões para passageiros com deficiência no DF é um alerta sobre a importância de olhar com atenção para as necessidades dos mais vulneráveis. A esperança é que, com a mobilização da Secretaria da Pessoa com Deficiência e a conscientização da sociedade, esses entraves sejam superados e que todos possam usufruir do transporte gratuito de forma digna e justa.