O Brasil pode estar cada vez mais próximo de garantir um antídoto eficaz para intoxicações por metanol. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta terça-feira (30) que está em negociação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para criar uma reserva estratégica do medicamento fomepizol, que não possui registro no país. Essa iniciativa surge em um momento crítico, considerando os recentes casos de intoxicação que resultaram em mortes em São Paulo.
A gravidade da intoxicação por metanol
O metanol é uma substância extremamente tóxica e inflamável, que pode causar diversos danos à saúde, incluindo náuseas, tonturas, convulsões, cegueira e até morte. A intoxicação por metanol tem se tornado um problema crescente, especialmente com o aumento do consumo de bebidas adulteradas. O fomepizol é considerado o antídoto mais eficaz para tratar esse tipo de intoxicação. Ele atua diretamente na inibição da enzima que converte o metanol em ácido fórmico, o principal agente tóxico relacionado às suas consequências.
Disponibilidade do antídoto e precauções medicamentosas
Atualmente, o Brasil conta apenas com o etanol farmacêutico como antídoto, disponível restritivamente em 32 centros de referência em intoxicação do Sistema Único de Saúde (SUS). O uso do etanol é limitado e deve ser realizado com cautela, uma vez que não é o mesmo tipo de etanol encontrado em bebidas comuns. Mesmo com a disponibilidade do etanol, o fomepizol é preferido por ter menos efeitos colaterais e maior eficácia no combate à intoxicação. No entanto, como Padilha apontou, o país ainda carece de um registro do fomepizol, uma situação que a negociação com a Opas visa sanar.
Casos recentes de intoxicação por metanol
O número de casos de intoxicação por metanol têm aumentado, e esta terça-feira foi marcada pela confirmação de cinco mortes associadas ao consumo de bebidas contaminadas. Uma jovem de 30 anos foi internada em estado grave após ingerir uma mistura de vodca, e autoridades investigam sua possível intoxicação. Outros casos graves, como o de uma designer de interiores que perdeu a visão, também foram noticiados, levantando a preocupação sobre a segurança das bebidas alcoólicas disponíveis nos estabelecimentos.
Medidas de prevenção e fiscalização
Diante dessa situação alarmante, a Secretaria de Saúde de São Paulo intensificou a fiscalização em locais com histórico de venda de bebidas adulteradas. Durante operações, mais de 800 garrafas de bebidas suspeitas foram apreendidas, e algumas interdições foram realizadas em bares na capital paulista. Padilha destaca a importância da notificação de casos suspeitos, afirmando que profissionais de saúde devem comunicar imediatamente qualquer contaminação por metanol à rede especializada para um manejo adequado.
Conscientização e informações sobre o metanol
O metanol, que se torna ainda mais perigoso devido à sua difícil identificação e aos seus efeitos devastadores, traz à tona a necessidade de conscientização sobre os riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas. O Ministério da Saúde está elaborado orientações para profissionais de saúde e também pretende compartilhar informações com a população a fim de prevenir mais casos de intoxicação.
As ações conjuntas do governo, em parceria com a Opas, representam um passo significativo na proteção da saúde pública e na prevenção de intoxicações por metanol. Somente através da conscientização, fiscalização e acesso a medicamentos como o fomepizol será possível mitigar essa grave ameaça à saúde dos brasileiros.