O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para baixo a estimativa de inflação para 2025, de 5,2% para 4,8%. A mudança ocorre devido à valorização do real perante o dólar e às quedas sucessivas nos preços dos alimentos. A previsão se refere ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.
Dados recentes e fatores influentes
Em agosto, o IPCA registrou deflação de 0,11%, o que representa uma inflação acumulada de 5,13% em 12 meses, menor que a meta oficial do Banco Central de 3%, com tolerância de até 4,5%. Segundo as pesquisadoras do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira, o ambiente inflacionário apresenta sinais de maior moderação, embora continue desafiador.
O recuo nos preços dos alimentos, que caíram pelo terceiro mês consecutivo, foi um dos principais fatores para a revisão da expectativa de inflação no grupo, que passou de 6,7% para 4,4%. Entre as causas, destacam-se a expansão da oferta, com uma previsão de safra recorde, e a valorização do câmbio, que reduziu pressões sobre bens industriais, combustíveis e alimentos. A previsão de safra recorde é um fator adicional na impactação desses preços.
Manutenção na projeção de preços de serviços
Apesar da moderação na inflação de alimentos, o Ipea manteve a previsão de 6,2% para os preços dos serviços, refletindo o mercado de trabalho aquecido. Mesmo com uma desaceleração marginal, o mercado de trabalho permanece apertado, o que sustenta essa estimativa. Nesta terça-feira (30), o IBGE anunciou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto ficou em 5,6%, o menor da série histórica iniciada em 2012.
Convergência com avaliações do Banco Central e mercado financeiro
O Banco Central revisou sua previsão de inflação de 4,9% para 4,8%, acompanhando a expectativa do Ipea. As projeções se aproximam do mercado financeiro, que espera uma inflação de 4,81% conforme o Boletim Focus, divulgado pelo próprio BC na segunda-feira (29). A atuação na política monetária, com a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano desde junho de 2025, desempenha papel importante nesse processo de desaceleração inflacionária.
Impacto do juro elevado na economia
As pesquisadoras ressaltam que a redução da inflação avança de forma gradual e com custos elevados, sobretudo por meio da política monetária restritiva. O juro alto, que permanece em 15% ao ano, busca conter a demanda e frear a inflação, mas também torna mais caro o acesso a créditos e desestimula investimentos, promovendo uma desaceleração econômica.
Perspectivas para o cenário dos rendimentos
O Ipea também revisou para baixo a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 4,9% para 4,5%. O índice, usado na correção de salários e reajustes do salário mínimo, aponta uma inflação de 5,05% em 12 meses até agosto, sendo mais sensível a gastos com alimentação e itens de consumo de famílias de baixa renda.