A transição energética global aumenta significativamente a demanda por minerais críticos, como lítio, níquel, grafite e terras raras, essenciais para tecnologias de alta performance e energias renováveis. O Brasil, com cerca de 10% das reservas mundiais desses insumos, vê na ampliação da produção uma oportunidade única, embora enfrente desafios para alcançar esse potencial.
Oportunidades e desafios na exploração de minerais estratégicos
Especialistas afirmam que a demanda mundial por minerais críticos dobrará até 2040, levando o Brasil a uma posição de destaque na matriz de fornecimento global. Entretanto, a atual produção brasileira é ínfima diante do potencial, representando apenas 0,09% da oferta mundial, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O segmento, que faturou R$ 21 bilhões no primeiro semestre de 2025, teve aumento de 41,6% na receita e exportações que somaram US$ 3,64 bilhões.
Coordenação e avanços na política mineral
Dados do Ibram e do USGS apontam que o Brasil precisa acelerar a exploração mineral. No ano passado, foram produzidas apenas 20 toneladas de terras raras, contra 270 mil toneladas da China, e 10 mil toneladas de lítio, longe das 88 mil toneladas produzidas pela Austrália. Ainda há atrasos na implementação de políticas nacionais, caso do Projeto de Lei 2.780/2024, em tramitação no Congresso, que visa regulamentar as atividades de mineração sustentável.
Riscos e tensões internacionais
Apesar do potencial, o Brasil enfrenta dificuldades na implementação de uma política de mineração responsável, que respeite as áreas de proteção ambiental e comunidades indígenas. A Polícia Federal revelou esquema de corrupção ligado à Agência Nacional de Mineração (ANM), e o Serviço Geológico do Brasil (SGB) mapeou apenas 27% do território nacional, limitando o conhecimento do potencial mineral.
Por outro lado, há interesse crescente de grandes potências, especialmente dos Estados Unidos, que negociam com o Brasil para obter terras-raras e desenvolver data centers e outros projetos tecnológicos, como indicam fontes da mídia local. O governo Lula prepara uma política nacional para minerais críticos, buscando fortalecer a soberania e ampliar o valor agregado na cadeia produtiva.
Mercado internacional e segurança de abastecimento
Segundo dados do Brasil, o país possui vastas reservas de terras raras, lítio, níquel e grafite, essenciais na transição energética global. No entanto, a dependência da exportação de bens primários permanece elevada, e a preparação de infraestrutura para agregar valor aos minerais brasileiros ainda é incipiente. Empresas estrangeiras, principalmente chinesas, alertam para a necessidade de cuidado na acumulação de estoques, visando evitar o controle excessivo do mercado.
Perspectivas e próximos passos
Enquanto isso, o Brasil trabalha para consolidar uma política nacional de minerais críticos, que priorize uma mineração ambientalmente sustentável, transparente e inovadora. Também está em curso uma agenda de investimentos estimada em US$ 18,45 bilhões entre 2025 e 2029, embora os projetos levem cerca de dez anos para alcançar a produção plena por trâmites legais e ambientais.
O Ministério de Minas e Energia indica que novas regulamentações e a instalação do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM) em outubro serão passos decisivos para ampliar a exploração e a agregação de valor, fortalecendo o papel do Brasil na economia mundial de minerais estratégicos.