Brasil, 30 de setembro de 2025
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Ritmo exaustivo 996 ganha força no Vale do Silício

A cultura do trabalho intensivo, inspirada na China, reforça jornadas de até 70 horas semanais em empresas de tecnologia no Estado

Nos últimos meses, a prática de trabalhar das 9h às 21h, seis dias por semana, conhecida como “996”, tem vindo a ganhar espaço no Vale do Silício, impulsionada pela influência do setor de tecnologia na China. Apesar de proibida por lei em 2021 por tribunais chineses, essa rotina tem inspirado empresas norte-americanas a adotarem jornadas de trabalho mais longas, sob o argumento de dedicação total às inovações na inteligência artificial e outras áreas.

O impacto do ritmo 996 na indústria de tecnologia

Empresas de tecnologia do Vale do Silício já começam a mencionar nos anúncios de vaga a disponibilidade para jornadas superiores a 70 horas semanais. Algumas corporações chegaram a realizar perguntas diretas aos candidatos sobre sua disposição para esse ritmo de trabalho, segundo relatos de funcionários de startups e redes sociais como X e LinkedIn.

Dados e evidências da tendência

Recentemente, a startup de operações financeiras Ramp destacou que registrou um aumento nas transações com cartões corporativos realizadas aos sábados em São Francisco, indicando que os profissionais estão trabalhando mais nos fins de semana. A prática, apesar de ainda incipiente, sugere uma mudança na cultura de dedicação extrema na região.

A origem do 996 e sua influência no Vale do Silício

Segundo Margaret O’Mara, historiadora da Universidade de Washington, a adoção do 996 no Vale do Silício é uma variação de uma cultura de trabalho que já existe desde os anos 1960, quando as empresas de semicondutores travavam uma concorrência acirrada. “Ela é uma versão turbinada de algo que já existe há bastante tempo na indústria de tecnologia”, afirma.

Cultura de trabalho intensa e suas raízes

Especialistas como Carolyn Chen, socióloga da Universidade da Califórnia em Berkeley, ressaltam que essa cultura reforça uma expectativa de dedicação quase religiosa, fortalecida por uma “verticalidade machista” que valoriza o heroísmo no trabalho. “Parte do DNA da cultura do Vale do Silício”, avalia ela, embora essa rotina possa excluir profissionais com responsabilidades familiares ou externos ao setor.

Conseqüências e futuras perspectivas

Embora o termo “996” seja relativamente novo, a prática revela uma mentalidade de alta intensidade e dedicação extrema, consequência de uma indústria que busca rápidas inovações e altas recompensas. A própria hipertrofia na busca por IA e novas tecnologias torna o ambiente ainda mais competitivo e exaustivo, com possíveis riscos à saúde mental e ao equilíbrio de vida dos trabalhadores.

As mudanças recentes no setor, incluindo uma postura mais severa após demissões em massa e alta de juros, indicam uma transição para uma cultura mais “hardcore”, inspirada na lógica de mercado e na competição global. Como destacou Margaret O’Mara, o cenário do Vale do Silício de 2020 já é diferente do de 2025, refletindo uma nova realidade na qual trabalhar horas insanas passou a ser norma.

Para saber mais detalhes, acesse o fonte original.

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