As recentes manobras do presidente Donald Trump em Washington, D.C., colocam em xeque a democracia americana e a regra da lei. A militarização da capital, sob o pretexto de combater o crime, pode sinalizar o início de um estado policial no país. Se o povo americano aceitar essa abordagem, a liberdade civil e os direitos democráticos enfrentam riscos alarmantes.
Uma intervenção preocupante
Desde 11 de agosto, Trump assumiu o controle da Polícia Metropolitana de D.C., enviando um número sem precedentes de agentes federais e tropas da Guarda Nacional para lidar com o que ele descreve como uma emergência criminal. Mais de 500 policiais da Segurança Interna, FBI e DEA, além de 950 membros da Guarda Nacional de D.C. e 1.300 de estados majoritariamente republicanos, foram mobilizados. Essa grande mobilização é mais adequada para uma guerra ou uma invasão militar do que para uma operação policial local.
Além disso, os dados da polícia de D.C. indicam uma queda constante da criminalidade, o que levanta questões sobre a necessidade de tal mobilização. As ações do governo federal, que incluem o uso de força excessiva, questionamento arbitrário de cidadãos e o uso de pontos de controle em áreas de alto tráfego, têm uma aparência mais de intimidação do que de proteção.
Consequências para a cidadania
A promulgação das medidas de Trump resulta em repercussões alarmantes para a liberdade civil. Há relatos de agentes federais questionando pessoas sem motivo aparente e realizando detenções em massa, especialmente em contextos que visam à imigração, em vez da violência efetiva que frequentemente é alegada como justificativa para tais ações.
As operações não estão focadas em áreas de alta criminalidade, mas sim em locais turísticos, o que sugere que a mobilização poderia estar mais relacionada a uma estratégia política do que a uma verdadeira luta contra o crime. Moradores de D.C. expressam crescente preocupação com a presença militarizada nas ruas, sentindo-se menos seguros, o que contraria a declaração da administração sobre segurança e ordem. A queda no número de visitantes e no movimento em restaurantes da capital também é um indicativo de que essas táticas não estão alcançando os resultados esperados.
A erosão da democracia
Como a prefeita de D.C., Muriel Bowser, mencionou, a queda nas taxas de criminalidade ocorre há anos, e não é resultado direto da presença de forças federais. A abordagem de Trump, que se assemelha a líderes autoritários que abusam de poderes de emergência, representa uma erosão dos direitos fundamentais e das liberdades civis. Ao usar a Polícia Metropolitana e a Guarda Nacional para fins que não são puramente federais, ele compromete a autonomia local e os princípios democráticos.
Se não houver uma resposta contundente da sociedade civil e do Congresso, a normalização dessas táticas poderá levar a um aumento do medo e à violência política nas cidades americanas. É essencial que a população se una contra essa militarização e que a oposição ao uso de forças armadas no controle de civilidades seja clara e forte. Se a complacência prevalecer, os cidadãos poderão inadvertidamente abrir as portas para um futuro em que a presença militarizada nas ruas se torne comum e aceita.
A necessidade de uma resposta cidadã
O caminho à frente deve ser guiado pela resistência pacífica e pela mobilização cidadã, fundamentada na defesa dos direitos humanos e na luta pela preservação da democracia. A oposição deverá ocorrer em todas as esferas, de forma a enviar um forte sinal de que os cidadãos desejam proteger seus direitos e liberdades. Além disso, é fundamental que os mecanismos legais sejam citados para contestar as ações do governo que visam intimidar ou controlar a população de forma abusiva.
O futuro da democracia americana depende da capacidade de seus cidadãos de resistir a medidas que atentam contra a liberdade e, se necessário, lutar pela renovação de um compromisso sólido com os valores democráticos originais do país.