O mercado brasileiro de biometano, gás renovável que pode substituir o gás natural, vive um momento de otimismo após a publicação do decreto que regulamenta a Lei do Combustível do Futuro. A medida deve estimular investimentos e ampliar a produção do combustível até 2028.
Expansão da produção e investimentos no setor de biometano
Uma das principais produtoras de biometano da América Latina, a Gás Verde, instalada no Aterro de Seropédica, no Rio de Janeiro, pretende aumentar sua produção de 160 mil m³/d para 650 mil m³/d até 2028, com novas unidades nos Estados de seis estados. A estratégia busca expandir a oferta de biometano para indústrias e transporte rodoviário, apoiando a transição energética no país, explica Marcel Jorand, CEO da empresa.
Projetos e parcerias para um setor mais forte
Jorand destaca a preparação da companhia para atender às metas da Lei do Combustível do Futuro, com biometano certificado e o Certificado de Garantia de Origem do Biometano (CGOB). A empresa fornece combustível para grandes indústrias como Ambev, Saint Gobain e Nestlé, além de abastecer veículos e frotas corporativas, como o Grupo L’Oréal, que recebeu seu primeiro ponto de abastecimento dedicado à frota de GNV.
Perspectivas de crescimento e potencial do biometano no Brasil
A presidente da ABiogás, Renata Isfer, informa que a capacidade atual de produção de biometano no país é de cerca de 1 milhão de m³/d, com potencial de alcançar até 34 milhões de m³/d no curto prazo. Segundo ela, o Brasil pode ampliar sua produção até oito vezes em cinco anos, impulsionado principalmente pelo aproveitamento de resíduos da cadeia de açúcar e etanol, especialmente na região de São Paulo, onde há maior demanda e infraestrutura para transporte e distribuição do gás.
Desafios a serem vencidos
Embora o cenário seja promissor, ainda há obstáculos para a consolidação do biometano, como a instalação de postos de abastecimento dedicados ao combustível. Renata reforça que a ampliação do mercado depende de ações estratégicas e de infraestrutura adequada.
Incentivos e projetos estratégicos para o desenvolvimento do biometano
O projeto de Hub de Biometano desenvolvido pela operadora de gasodutos TBG busca incrementar a oferta do combustível, que é idêntico ao gás natural e pode ser injetado na rede de gasodutos. O plano prevê a construção de um ou dois hubs com capacidade de 200 mil m³/d cada, permitindo transporte por caminhões ou conexão direta com a rede de dutos, explica Jorge Hijjar, diretor-presidente da TBG.
Além disso, há avanços na regulamentação, que prevê o início da mistura de biometano ao gás natural no país, começando com 1% em 2026 e chegando até 10%. A produção de CO2 verde, derivado do biometano, também deve ganhar espaço, fechando um ciclo de circularidade no setor, acrescenta Jorand.
Impactos ambientais, econômicos e perspectivas futura
A adoção crescente do biometano deve impulsionar não só a economia, com investimentos previstos, mas também o compromisso do Brasil com a descarbonização. Segundo Renata, o potencial de crescimento do setor é grande, especialmente com o aumento da geração de biogás a partir de resíduos agrícolas, o que reforça a vocação do país para a energia renovável.
Para potencializar esse crescimento, projetos de infraestrutura, incentivo governamental e parcerias estratégicas serão essenciais. A expectativa é que o biometano seja uma peça-chave na matriz energética do Brasil, atraindo novos investidores e fortalecendo a transição para uma energia mais limpa e sustentável.