Os registros indicam que 2024 foi o ano mais quente da história, com desastres naturais provocando perdas financeiras de pelo menos US$ 368 bilhões, segundo dados da Aon, multinacional britânica especializada em seguros e análise de riscos. Foi o nono ano consecutivo com prejuízos superiores a US$ 300 bilhões, 14% acima da média do século, agravando preocupações globais sobre mudanças climáticas.
Impactos econômicos e ambientais atuais
As seguradoras estimaram que os danos causados por eventos climáticos em 2024 atingiram US$ 145 bilhões, o sexto montante mais alto já registrado. Entre os principais desastres estão ciclones tropicais, tempestades severas e enchentes, que intensificam os custos econômicos e humanos do fenômeno.
Previsões para as próximas décadas
Projeções da S&P Global, estudos da Universidade de Cambridge em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) e análises da ONU alertam para um aumento contínuo nas perdas se não houver uma ação imediata contra as mudanças climáticas. Segundo esses estudos, o custo global da inação pode chegar a uma queda anual de 4,4% no PIB até 2050, caso o aquecimento global atinja 2,1°C.
Desafios na transição energética e emissões
Apesar do Acordo de Paris buscar limitar o aumento da temperatura média a 1,5°C, esse objetivo já parece pouco provável, pois as metas de países como China e Índia de zerar as emissões líquidas só devem ser atingidas em 2060 e 2070, respectivamente. No Brasil, o principal fator de emissão ainda é o desmatamento, embora 68% das emissões globais venham do setor de energia, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Consequências na saúde e na biodiversidade
O aumento das temperaturas também tem impactos diretos na saúde da população, com a incidência de internações por problemas cardiovasculares e derrames aumentando em dias mais quentes. No Brasil, as secas intensificaram a redução na disponibilidade de alimentos básicos, como peixe, mandioca e pequi, especialmente em regiões do Norte e do Xingu.
Ações e desafios futuros
Para mitigar os prejuízos e alcançar o limite de aquecimento de 2°C, especialistas ressaltam a necessidade de investimentos entre 1% e 2% do PIB global na redução das emissões e em medidas de adaptação. Até o momento, grande parte dos subsídios federais ao setor fóssil continua incentivando a poluição do ar, responsável por 8 milhões de mortes anuais em 2021, de acordo com o Health Effects Institute (HEI).
Os estudos indicam que a ausência de uma transição energética efetiva torna grandes áreas do planeta inabitáveis na segunda metade do século, refletindo o alto custo de não agir contra o clima. Entre os prejuízos registrados no Brasil, destaque para as enchentes no Rio Grande do Sul, estimadas em R$ 88,9 bilhões pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
As ações para enfrentar esses desafios incluem o fortalecimento de projetos de energias renováveis, revisão de riscos climáticos na infraestrutura, além de maior compromisso internacional, embora muitos países ainda estejam longe de atingir suas metas de redução de emissões. Segundo estudos recentes, a conta do atraso na transição energética é paga por todos, contribuindo para uma crise global de proporções cada vez maiores.
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