Nesta madrugada de terça-feira (30/9), o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que o presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, “mentiu deliberadamente”. Em decorrência dessa acusação, ele decretou a prisão em flagrante de Lopes. O escândalo que envolve o INSS foi primeiramente revelado pelo portal Metrópoles.
Acusações graves durante a CPMI do INSS
Em declarações contundentes, o senador Viana criticou a postura de Ferreira Lopes durante o depoimento, afirmando que ele ocultou informações cruciais. “Ele mentiu deliberadamente desde o início da fala. Escondeu informações”, destacou Viana. Segundo o senador, Lopes foi confrontado sobre depósitos em sua própria conta que sugeriam irregularidades e tentativas de convencer a comissão de que suas operações eram lícitas. “Sabemos muito bem que é lavagem de dinheiro e dinheiro dos aposentados”, acrescentou.
A prisão de Ferreira Lopes aconteceu cerca de meia-noite e meia, quando ele foi levado à Polícia Legislativa para prestar esclarecimentos. Durante sua oitiva, Lopes adotou uma postura irônica em alguns momentos e chegou a insinuar que a responsabilidade por descontos em benefícios de aposentados falecidos recairia sobre o próprio INSS, afirmando que a instituição é responsável por autorizar e processar os repasses.
Movimentações financeiras suspeitas
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou Lopes sobre movimentações financeiras significativas em sua conta, revelando que a Receita Federal identificou transações que totalizavam R$ 1,7 milhão em um período de apenas dois meses. Em resposta, Lopes negou conhecer tal afirmação e afirmou acreditar que as investigações estavam seguindo rumos equivocados. “É assertivo?”, questionou ele, demonstrando incredulidade diante das acusações.
O escândalo do INSS e suas repercussões
O escândalo do INSS, que foi escancarado pelo Metrópoles em uma série de reportagens iniciadas em dezembro de 2023, demonstrou a gravidade das fraudes envolvendo a arrecadação de mensalidades de aposentados. De acordo com as investigações, as arrecadações das entidades tiveram um aumento expressivo, alcançando R$ 2 bilhões em um único ano, enquanto essas associações se viam envolvidas em milhares de processos por fraudes nas filiações de segurados.
As reportagens feitas pelo Metrópoles foram fundamentais para o desencadeamento de uma investigação pela Polícia Federal (PF). O portal listou um total de 38 matérias na representação que originou a Operação Sem Desconto, que foi deflagrada em 23/4 e levou à demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, em meio ao crescimento das evidências de fraudes.
A situação em torno da CPMI e das investigações em curso mostra a preocupação das autoridades em combater fraudes que afetam o sistema previdenciário e a confiança dos aposentados no INSS. O desdobramento desse caso seguramente irá repercutir na opinião pública e na forma como as questões relacionadas à previdência social são tratadas no Brasil.
As autoridades continuam com as investigações em relação às irregularidades e o caso de Ferreira Lopes será apenas um dos muitos que ainda estão por vir. É essencial que o sistema previdenciário proteja os direitos dos aposentados e que ações sejam tomadas para evitar fraudes que possam comprometer a segurança financeira de muitos.