No cenário político brasileiro, novas medidas estão sendo adotadas pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Nesta terça-feira, serão abertos quatro processos disciplinares contra deputados da oposição bolsonarista. Essa ação é uma resposta ao motim que paralisou o plenário em agosto, quando os parlamentares realizaram protestos contra a prisão de Jair Bolsonaro. As movimentações no Conselho refletem um novo capítulo no embate político que se desenrola no país.
Processos disciplinares e as consequências
A pauta a ser discutida inclui duas representações contra o deputado Marcos Pollon (PL-MS), uma contra Marcel Van Hattem (Novo-RS) e outra contra Zé Trovão (PL-SC). Esses processos têm o potencial de resultar em suspensões que variam entre 30 a 90 dias, dependendo da gravidade das ações de cada deputado. Após a instalação dos procedimentos, um sorteio de nomes será feito para definir os relatores das matérias.
Reações à decisão da Mesa Diretora
A decisão de encaminhar os casos ao Conselho foi tomada pela Mesa Diretora na semana passada, sugerindo um endurecimento na postura do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Anteriormente, durante a crise, Motta optou por encaminhar os episódios apenas à Corregedoria, uma escolha que gerou críticas por parte de lideranças que esperavam uma resposta mais contundente. Agora, ao acatar as orientações do corregedor Diego Coronel (PSD-BA), o presidente busca recuperar sua autoridade diante do desgaste enfrentado.
Definição das penalidades
O relatório enviado pela Corregedoria analisa os papéis de cada parlamentar na confusão ocorrida. Pollon é considerado o caso mais grave, com recomendações para sua suspensão de 90 dias, devido aos ataques que fez à presidência da Câmara, além de uma sugestão de mais 30 dias por obstruir fisicamente a cadeira de Motta. Por outro lado, Van Hattem e Zé Trovão podem receber uma suspensão de 30 dias cada, como forma de punição.
Punições leves para outros deputados
Outros 11 deputados, incluindo figuras proeminentes como Bia Kicis (PL-DF), Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Caroline de Toni (PL-SC), devem ser apenas advertidos com uma censura escrita, considerada uma espécie de “cartão amarelo” no Código de Ética. Esta medida, diferentemente da suspensão, não exige aprovação do colegiado.
O futuro do regimento da Câmara
A resolução da Mesa foi aprovada por todos os líderes, exceto pelos vice-presidentes Altineu Côrtes (PL-RJ) e Elmar Nascimento (União-BA). Agora, caberá ao Conselho de Ética confirmar ou modificar as penalidades antes que sejam enviadas ao plenário da Câmara.
Esse episódio é visto como um dos pontos mais delicados da gestão de Motta, especialmente considerando que a ocupação da Mesa Diretora por mais de 30 horas em agosto serviu como um instrumento de pressão utilizado pelos deputados bolsonaristas para forçar a tramitação de questões como a anistia aos condenados do 8 de janeiro e a chamada PEC da Blindagem. O desgaste resultante dessa situação levou a discussões sobre a necessidade de revisões no Regimento e no Código de Ética, a fim de prever punições automáticas e mais severas para ações como empurrões, invasão da Mesa e bloqueio de votações. Contudo, vale destacar que o projeto de resolução ainda não foi votado.
Esses desdobramentos no Conselho de Ética da Câmara reiteram a instabilidade do cenário político atual no Brasil e a necessidade urgente de diretrizes mais claras e firmes no tratamento de infrações éticas por parte dos representantes do povo. O resultado desses processos disciplinares pode influenciar não apenas a reputação dos envolvidos, mas também o clima político em que estes estão inseridos.