Houve grande destaque nesta quarta-feira (29) na audiência organizada pela Comissão de Liberdade Religiosa do governo dos EUA, liderada pelo vice-presidente do Texas, Dan Patrick. Testemunhas, incluindo professores, treinadores e advogados, relataram casos preocupantes de perseguição por suas expressões religiosas em escolas públicas e privadas, em meio às discussões sobre os limites da liberdade de culto no país.
Relatos de experiências pessoais e desafios governamentais
Joe Kennedy, treinador de futebol do ensino médio em Bremerton, Washington, contou que foi suspenso e posteriormente demitido por realizar uma oração silenciosa após o jogo de futebol. “Depois do jogo, ajoelhei para agradecer. Isso é tudo. Se isso virou controvérsia nacional, revela mais a confusão na nossa cultura do que minha conduta”, afirmou Kennedy ao comitê.
Ele criticou a legislação vigente, que considera “confusa e nebulosa”, argumentando que há necessidade de uma maior clareza legal. “Precisamos de uma orientação clara para que esses casos não se repitam”, ressaltou Kennedy, que também falou sobre a necessidade de responsabilizar advogados que defendem ações contra a liberdade religiosa.
Professores denunciam violações à liberdade de expressão religiosa
Monica Gill, professora de ensino médio, relatou que, em 2021, foi obrigada por uma política do condado de Loudoun a negar a verdade sobre a humanidade, especificamente no que diz respeito à identidade de gênero. “Precisávamos afirmar todos os estudantes transgênero, de acordo com a que a escola ditava. Eu não podia aceitar isso, porque iria contra meus princípios e minha fé”, contou Gill.
Ela entrou com uma ação judicial apoiada pela Alliance Defending Freedom, que resultou na vitória de professores que desejam falar com liberdade, incluindo a revogação de obrigatoriedade de usar pronomes contrários à biologia. “Minha decisão foi baseada no amor e na verdade, mesmo diante das consequências profissionais”, afirmou a docente.
Outra testemunha, Marisol Arroyo-Castro, compartilhou a experiência de ser punida por exibir uma cruz em sua sala de aula na Connecticut. “Fui suspensa sem remuneração e, mesmo assim, recusei-me a esconder minha fé”, relatou. Ela contou que o conselho escolar a pressionou a remover o crucifixo sob a alegação de que sua exibição violava a Constituição dos EUA.
Recomendações e preocupações de líderes religiosos
Representantes de escolas de diversas confissões, incluindo católicas, judaicas e protestantes, participaram da audiência para alertar sobre ameaças à liberdade religiosa. Todd J. Williams, provost da Cairn University, destacou que o financiamento de escolas religiosas pode estar em risco, caso as autoridades continuem ameaçando o direito de manter práticas cuja liberdade de expressão é constitucionalmente protegida.
O padre Robert Sirico, de Sacred Heart Catholic School, em Michigan, comentou sobre a decisão do Supremo Tribunal do estado que passou a incluir orientações sexuais e identidades de gênero na redefinição de sexo. “Essa reinterpretção traz riscos sérios para instituições religiosas que não recebem recursos públicos, afetando também escolas com princípios tradicionais”, alertou.
Ele afirmou que ações judiciais estão em andamento e que o enfrentamento dessas questões exige uma atuação a longo prazo, baseada na fé e no compromisso com os valores essenciais. “Acreditamos em algo maior do que nossas políticas, e é preciso perseverar perante as transformações culturais”, concluiu.
Perspectivas futuras e o papel da fé na defesa dos direitos
Especialistas e líderes religiosos concordaram que a defesa dos direitos religiosos nas escolas é fundamental para proteger a liberdade de crença de toda a sociedade americana. A comissão destacou que o avanço dessas questões depende de ações contínuas que promovam o entendimento do que significa a separação entre Igreja e Estado, e a liberdade de exercício religioso.
Para Arroyo-Castro, o trabalho de conscientização sobre a Constituição é essencial. “Precisamos ensinar nossos líderes escolares a compreenderem os princípios que garantem a liberdade religiosa, para que ela possa prevalecer e proteger todos os cidadãos”, disse ela.
A audiência reforça a importância do debate acerca do papel da fé em ambientes acadêmicos, diante de uma sociedade cada vez mais pluralista e desafiada por interpretações diversas dos direitos constitucionais. A luta por manter a liberdade religiosa nas escolas é vista como uma batalha por valores essenciais à identidade do país.