Pesquisadores continuam avançando na compreensão dos fatores que elevam o risco de desenvolver demência. Recentemente, um estudo divulgado na revista The Lancet revelou duas novas causas modificáveis: colesterol alto após os 40 anos e perda de visão não tratada.
Novo estudo amplia o entendimento sobre fatores de risco da demência
De acordo com o relatório, esses fatores representam uma contribuição significativa na incidência global de demência, que hoje atinge cerca de 49% dos casos, conforme análise de metanálises e estudos recentes. Anteriormente, em 2020, os pesquisadores já haviam identificado 12 fatores de risco que ajudam a prever o desenvolvimento da doença.
Fatores recém-descobertos e sua relação com o cérebro
Especialistas explicam que o colesterol ruim — LDL — pode levar ao endurecimento dos vasos sanguíneos, dificultando o fluxo de oxigênio até o cérebro, o que, ao longo do tempo, causa dano neuronal. A perda de visão, por sua vez, muitas vezes está associada a condições metabólicas como hipertensão e diabetes descontrolados, agravando a vulnerabilidade da área cerebral.
Conexões entre visão, saúde vascular e demência
Segundo o neurologista Arman Fesharaki-Zadeh, a visão é o principal sentido que influencia nossa interação com o ambiente. Quando há perda de visão não tratada, as pessoas tendem a reduzir atividades cognitivas essenciais, como leitura, resolução de quebra-cabeças e convívio social, fatores que ajudam na prevenção contra a demência.
“Quando os vasos sanguíneos endurecem por causa do colesterol alto, é mais difícil levar oxigênio ao cérebro, o que acelera a morte de neurônios”, explica Fesharaki-Zadeh, que atua na Yale Medicine, em Connecticut. Ele reforça que o que afeta o coração também impacta o cérebro, reforçando a importância de cuidar da saúde vascular.
Prevenção e cuidados no cotidiano
O especialista destaca que manter acompanhamento médico contínuo, com uma equipe de saúde bem integrada, é fundamental para prevenir a progressão da demência. Controlar fatores como colesterol, hipertensão e diabetes pode reduzir significativamente o risco, especialmente se adotados na meia-idade.
Medidas como mudanças no estilo de vida, alimentação balanceada, exercícios físicos e tratamento adequado para problemas de visão podem fazer toda a diferença. “Ainda que a demência tenha componentes genéticos, mais de 40% dos casos são potencialmente evitáveis”, afirma Fesharaki-Zadeh.
Testes e estratégias de avaliação precoce
Existem opções de exames que detectam sinais precoces de neurodegeneração e marcadores genéticos. Comunicar-se com o médico para explorar esses recursos pode ajudar na intervenção antes que os sintomas se agravem.
Perspectivas futuras na luta contra a demência
Com novas descobertas, a esperança de reduzir o impacto da doença aumenta. Mesmo em idades avançadas, mudanças no estilo de vida podem beneficiar a saúde cerebral, reafirmando que nunca é tarde para adotar práticas que promovam uma mente mais saudável.
“Nosso cérebro é plástico. Mudanças saudáveis podem melhorar a condição cerebral em qualquer fase da vida”, conclui Fesharaki-Zadeh.