Brasil, 29 de setembro de 2025
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Estamos caminhando para uma crise digital?

A crescente dependência da tecnologia digital e os riscos associados alertam para uma possível crise iminente.

A vida moderna está profundamente enraizada nas tecnologias digitais, o que aumenta nossa vulnerabilidade às falhas e ataques cibernéticos. De operações bancárias online a sistemas de inteligência artificial, a interconexão de dados e plataformas cria um ambiente onde as empresas prosperam, mas o peso dos riscos é muitas vezes transferido para o público. Pesquisa recente sugere que, sem regulamentações eficazes e salvaguardas robustas, uma crise digital sistêmica pode estar à espreita.

Um experimento social massivo

A economia digital inclui “negócios que dependem cada vez mais da tecnologia da informação, dados e internet para seus modelos de negócios”. As empresas que dominam esse setor realizam um grande experimento social, onde mantêm a maior parte dos benefícios e transferem os riscos à sociedade.

Isso pode levar a uma crise digital sistêmica, que varia desde o colapso generalizado da infraestrutura básica, como eletricidade e telecomunicações, até ataques que modificam a infraestrutura existente para torná-la perigosa. As semelhanças entre a trajetória atual da economia digital e a crise financeira de 2008 são alarmantes. Especialistas em sociologia, como Charles Perrow, alertam para o que ele chama de “acoplamento apertado”, onde sistemas extremamente interligados sem redundância suficiente para compensar falhas podem resultar em consequências catastróficas.

Sinais de alerta evidentes

Os sinais de alerta na economia digital são evidentes e abundantes. Ataques de malware, como o WannaCry e NotPetya, causaram danos que somam bilhões de dólares. Além disso, incidentes recentes, como a falha da CrowdStrike em 2024, resultaram em milhares de voos cancelados, mostrando a fragilidade do sistema digital em que estamos imersos.

A inteligência artificial exacerba vulnerabilidades e introduz novos riscos, como alucinações de IA e o crescimento exponencial de desinformação. O aumento da velocidade e escala com que a IA opera promete intensificar os riscos à confidencialidade e integridade dos sistemas.

Interdependência crescente e ausência de redundância

A economia digital apresenta características alarmantes de interdependência, onde organizações tentam crescer o mais rápido possível, levando a um ambiente onde o pouco dinheiro restante é utilizado para cobrir possíveis perdas. Essa dinâmica é semelhante ao que ocorreu no setor financeiro antes da crise de 2008. Na era digital, a necessidade de coletar dados em massa aumenta a interdependência entre datasets, plataformas, corporações e redes, o que pode ser particularmente arriscado. Além disso, a mentalidade “mover rápido e quebrar coisas” elimina concorrentes e alternativas, tornando o ecossistema digital ainda mais suscetível a falhas.

Desafios na regulação

Um dos principais desafios enfrentados por governos neste cenário é a incapacidade de distinguir entre contribuições valiosas para a sociedade e aquelas que causam danos sociais significativos. A regulação pós-crise, embora possível, não é suficiente para evitar o surgimento de uma nova crise. Essa ineficácia sugere uma falha mais profunda nos sistemas políticos capazes de mitigar riscos antes que se tornem referências de desastres públicos.

No Brasil, onde a tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano, a conscientização sobre esses riscos e a exigência de regulamentações eficazes são essenciais para evitar uma crise digital. No entanto, essa mudança requer um esforço conjunto da sociedade civil, empresas e governos, alinhando ações que priorizem a segurança dos dados e a proteção dos usuários.

Com os sinais de alerta já visíveis, a urgência de ações concretas nunca foi tão premente. Sem uma abordagem que priorize a segurança e a transparência, a possibilidade de uma crise digital não é apenas uma preocupação futura, mas uma realidade iminente que todos devemos enfrentar. As lições da crise de 2008 continuam a ressoar, e o momento para agir é agora.

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