Brasil, 29 de setembro de 2025
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Jovens optam por carreiras na área técnica em vez de faculdade

A crescente desvalorização da educação tradicional faz com que jovens escolham profissões técnicas para garantir segurança e independência.

Jacob Palmer, aos 23 anos, já comanda sua própria empresa elétrica, a Palmer Electrical. Ele decidiu empreender em 2024 após perceber que o ambiente acadêmico não era seu lugar. Desde então, se estabeleceu como um eletricista autônomo, uma escolha da qual não se arrepende. “Estou muito feliz fazendo o que faço agora, pois me deu a oportunidade de trabalhar por conta própria e ser independente”, afirmou em entrevista à CBS News.

Atração das profissões técnicas

Segundo especialistas, as profissões qualificadas como eletricistas, encanadores, soldadores, pedreiros, técnicos em HVAC e outras funções que exigem treinamento extensivo estão atraindo um número crescente de jovens. Esses profissionais mostram-se desestimulados com os altos custos da educação superior. De acordo com uma pesquisa realizada pela Jobber, 57% dos jovens da Geração Z expressam preocupação com as dívidas estudantis ao considerar a faculdade, conforme aponta o relatório anual da empresa sobre a percepção de trabalhos na área técnica.

Além disso, a ascensão da inteligência artificial (IA) tem erodido a gama de empregos de entrada que antes eram destinados a recém-formados. Aproximadamente 77% dos jovens afirmam que é importante que seus futuros empregos sejam difíceis de automatizar, favorecendo, assim, setores como carpintaria, encanamento e eletricidade. Em contrapartida, profissões como desenvolvimento de software, análise de dados e contabilidade aparecem como menos seguras em relação à automação, segundo a pesquisa.


Jacob Palmer, 23, said his company, Palmer Electrical, is on track to generate more than $150,000 in revenue this year.
Jacob Palmer, 23 anos, afirma que sua empresa, Palmer Electrical, deve gerar mais de R$ 150 mil em receita este ano.

David Asay, presidente da Advantage Reline, uma empresa de reabilitação de tubos, alega que a visão sobre carreiras técnicas está em transformação. “A rota está perdendo parte do estigma. A percepção entre os jovens não é mais: ‘Você está trabalhando na construção, não foi à escola?’, mas sim: ‘Que habilidade legal. Você está criando uma boa carreira.’

Desafios para formados em faculdade

Durante décadas, muitos jovens evitaram as profissões técnicas, estimulados por economistas, especialistas em carreira, políticos e pais a buscarem diplomas universitários. No entanto, a situação atual revela que essas crenças estão ultrapassadas. “A atitude era de que os trabalhos nas áreas técnicas eram menos desejáveis”, comentou Angie Hicks, cofundadora da Angi, uma plataforma online de serviços de melhoria doméstica.

Fatores como o profundo endividamento decorrente das faculdades têm desencorajado os jovens. Atualmente, o custo médio da educação, incluindo mensalidades e moradia, ultrapassa $38.000 anuais, podendo chegar a quase $60.000 em instituições privadas. Ao calcular a carga de juros de empréstimos estudantis e a renda que poderia ser ganha durante os anos de estudos, o custo total para obter um diploma de bacharel pode exceder R$ 500 mil.

Com esse contexto, também preocupa o aumento na taxa de desemprego entre graduados recentes: 4,6% para a faixa etária de 23 a 27 anos, em comparação aos 3,2% de 2019. Por outro lado, trabalhadores dessa mesma faixa etária sem diploma universitário vivenciam uma elevação bem mais modesta, de cerca de 0,5%. Essa diferença assinala um alerta para os graduados em face das mudanças no mercado de trabalho, agravadas pela automação e pela IA.

A segurança das profissões práticas

Vinnie Curcie, fundador e CEO da OC Solar, empresa de instalação solar, destaca que enquanto a automação pode impactar os setores de vendas e gerenciamento, as funções práticas ainda são consideradas estáveis. “Mais pessoas estão interessadas em trabalhar na área porque sabem que é ali que está a segurança no emprego”, comentou.

Além disso, algumas escolas relatam um aumento no interesse dos alunos por carreiras de profissões manuais. Marlo Loria, diretora de educação técnica e parcerias inovadoras da Mesa Public Schools, afirma que mais alunos estão se inscrevendo em cursos de soldagem, construção e manutenção de automóveis do que a escola pode acomodar.

Palmer destaca que sua empresa faturou R$ 90 mil no primeiro ano e deve ultrapassar R$ 150 mil em 2025, tudo isso sem a necessidade de um diploma universitário, reforçando a estabilidade e a segurança no seu mercado. “Não me sinto ameaçado pelo crescimento da IA na minha indústria. Um robô que possa fazer o que eu faço seria algo realmente impressionante”, concluiu.


High school senior Kayden Evans is confident that he will be shielded from AI if he pursues a career in the trades.
Kayden Evans, estudante do último ano do ensino médio, está confiante de que estará protegido da IA se seguir uma carreira nas profissões técnicas.

Kayden Evans, um jovem de 18 anos e estudante do último ano do ensino médio, já tem planos de seguir carreira na área técnica. Atualmente estagiando na empresa Empire Cat, que aluga e vende equipamentos pesados, ele planeja seguir um programa de aprendizagem assim que se formar. “Não me preocupo com a IA, porque onde quero crescer é como técnico de campo, e mesmo que a IA seja útil, não acredito que ela possa assumir esse trabalho”, afirmou.

Enquanto as escolas, empresas e estudantes se adaptam a essas novas realidades, a valorização das profissões técnicas parece estar apenas começando. As oportunidades estão se multiplicando, e a segurança no emprego tornou-se uma prioridade para esses jovens que buscam um caminho estável e gratificante em suas carreiras.

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