As cápsulas de lava-louças são uma conveniência comum nas cozinhas modernas, mas há preocupações sobre o que ocorre com o plástico utilizado em sua fabricação. Apesar de serem projetadas para dissolverem na água, especialistas alertam para possíveis riscos ambientais e à saúde.
De que é feito o plástico das cápsulas de lava-louças?
As cápsulas são envolvidas por uma película de polivinil álcool (PVA), um tipo de plástico que, durante a fabricação, recebe processamento para se tornar mais solúvel em água. Lauren Duffy, especialista em toxicologia ambiental do Environmental Working Group, explica que essa película é resistente o suficiente para não romper ao contato com água, mas também se dissolve facilmente durante o ciclo de lavagem.
Após dissolver-se, as moléculas de PVA deixam de ser consideradas microplásticos sólidos, pois passam a estar em estado líquido. Assim, acredita-se que os resíduos se lavem completamente na água, minimizando os riscos de toxicidade por restos no prato.
Impactos ambientais e à saúde
Embora as cápsulas sejam feitas para desintegrar-se, há preocupação de que o plástico, em algumas circunstâncias, possa permanecer no meio ambiente. Diversos estudos indicam que microplásticos — fragmentos menores que 5 milímetros — estão presentes em oceanos, solo e até no leite materno, provocando possíveis efeitos tóxicos à saúde humana.
Uma pesquisa realizada no ano passado revelou ligações entre exposição a microplásticos, especialmente via alimentos, e prejuízos à saúde reprodutiva, digestiva e respiratória. Apesar de os resíduos das cápsulas de PVA não se enquadrarem exatamente nesta categoria, a preocupação com o acúmulo de plástico no ambiente permanece.
Perspectivas futuras e necessidade de mais estudos
Especialistas ressaltam a importância de aprofundar as pesquisas para entender os impactos do plástico utilizado nas cápsulas de lava-louças e outros produtos similares. Ainda que o PVA seja considerado de baixa toxicidade, a quantidade de plástico e a sua persistência no ambiente podem representar riscos cumulativos a longo prazo.
O uso de cápsulas convenientes, por enquanto, parece ter impacto limitado, pois a maior parte do plástico é removida na lavagem, mas há um consenso de que soluções mais sustentáveis ainda são necessárias para reduzir a pegada ambiental dessa tecnologia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a regulamentação e inovação no setor de produtos domésticos podem contribuir para minimizar a produção de microplásticos e proteger a saúde pública no futuro.