A atriz e comediante Berta Loran faleceu aos 99 anos, deixando uma marca indelével na cultura brasileira. Nascida em Varsóvia, na Polônia, sua vida foi repleta de desafios e conquistas que a tornaram uma figura admirada e respeitada no mundo das artes. Com uma carreira que se estendeu por mais de sete décadas, Berta Loran se destacou pelo seu talento e pela sua irreverência, contribuindo significativamente para o teatro, cinema e televisão brasileiros.
A trajetória de vida de Berta Loran
Berta cresceu em uma numerosa família judia em Varsóvia, onde vivia em condições difíceis. Em 1939, com a ameaça do avanço nazista, a família fugiu para o Brasil. Essa travessia marcada por dor e perda moldou muito de sua trajetória. Berta e sua família estabeleceram-se no Rio de Janeiro, mas muitos dos seus parentes não sobreviveram na Europa. Desde pequena, a atriz demonstrou interesse pelas artes e, aos 14 anos, estreou em uma companhia de teatro judaica ao lado do pai, José Ajs, que foi fundamental na sua formação como artista.
O início da carreira nos palcos
Na adolescência, ela formou a dupla “A Bela e a Berta”, apresentando-se para a comunidade judaica local. Berta Loran não apenas atuou em peças em iídiche, mas também se destacou em comédias musicais de renome entre os anos 50 e 60, como “Fogo no Pandeiro”. Sua primeira grande atuação no cenário nacional aconteceu em 1952, no Teatro Carlos Gomes, e em 1955 fez sua estreia no cinema brasileiro com o filme “Sinfonia Carioca”. Aos 18 anos, Berta já apresentava-se em Portugal, onde permaneceu por seis anos.
Contribuições para a televisão
Berta Loran estava em casa na televisão brasileira. Seu talento a levou à TV Tupi e, posteriormente, à TV Globo, onde se tornou um nome conhecido através de programas como “Balança Mas Não Cai” e “Não Faça Guerra”. Seu papel mais icônico foi como Manoela d’Além-Mar na “Escolinha do Professor Raimundo”, onde conquistou o carinho do público. Além da comédia, suas participações em “Zorra Total” e em novelas como “Amor com Amor se Paga” e “A Dona do Pedaço” reafirmaram seu status como uma das maiores atrizes da televisão nacional.
A carreira cinematográfica e últimos trabalhos
A determinação de Berta se fez notar também no cinema. Recentemente, em 2021, ela foi indicada ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pelo seu papel no filme “As Jovens Polacas”. Com mais de 2 mil personagens interpretados, sua dedicação ao trabalho e amor pela arte ressoaram até o final de sua vida, com seu último papel na televisão sendo exibido quando tinha 93 anos.
Reconhecimento e legado
O Hospital Copa D’Or, onde a atriz estava internada, confirmou sua morte e expressou condolências a familiares e amigos. As causas do falecimento não foram divulgadas. Berta Loran não será lembrada apenas por suas risadas, mas também pela força e resiliência que demonstrou ao longo de sua vida como sobrevivente do Holocausto e pioneira do humor feminino na televisão brasileira.
Seu legado transcende barreiras, inspirando gerações e mostrando o poder do riso e da arte na vida das pessoas. A morte de Berta Loran representa não apenas a perda de uma artista, mas também de uma mulher que, com sua coragem e humanidade, conquistou um lugar especial na história cultural do Brasil.
