O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o debate racional com os Estados Unidos, separado das questões políticas, deve começar em breve. Ele criticou a tarifação de produtos brasileiros em 50%, considerando-a prejudicial para os Estados Unidos, que pagarão mais caro por itens como café e carne brasileiros.
Tarifas elevadas são um “tiro no pé” para os EUA
Durante participação na 16ª edição do evento Macro Vision, promovido pelo Itaú BBA em São Paulo, Haddad destacou que a tarifação, além de não fazer sentido do ponto de vista econômico, representa um erro para os interesses americanos. “É um tiro no pé para a economia dos Estados Unidos. Não faz sentido pagar mais caro pelo café e carne.”
Início do diálogo econômico
Segundo o ministro, um debate sério e técnico deve ocorrer em breve, separando a política da economia. “Vai se iniciar a qualquer momento um debate racional, separando a questão política do econômico.” Haddad também reforçou que o Brasil está em diálogo com os EUA, alinhando esforços para avançar nas negociações.
Visita aos EUA e possíveis encontros
Haddad revelou que tem uma visita programada aos Estados Unidos para participar da reunião do G20, que ocorrerá em novembro. Na ocasião, declarou que, na pior das hipóteses, poderá se encontrar com o secretário do Tesouro Americano, Scott Bessent. “Quem sabe, antes disso, os dois gabinetes marquem uma reunião”, afirmou, sem confirmar sua presença em eventual encontro entre o presidente Lula e o mandatário americano, Donald Trump.
Cenário externo e câmbio
O evento Macro Vision contou com a presença do CEO do Itaú, Milton Maluhy, que abordou as incertezas do ambiente externo, como a postura do Federal Reserve frente às taxas de juros nos EUA e a depreciação do dólar, que impacta o câmbio brasileiro.
Outros pontos econômicos
Haddad também comentou sobre o momento da economia brasileira e as medidas internas. Ele destacou que a discussão sobre a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil está avançando no Congresso. “Acredito que, na pior das hipóteses, vamos votar essa proposta nesta semana”, afirmou, reforçando a maturidade da discussão no Parlamento.
Reforma do Imposto de Renda
O ministro destacou que a proposta de isenção até R$ 5 mil é antiga e foi uma promessa de campanha do presidente Lula. Para compensar a redução de receitas, defendem a implementação de um imposto mínimo de 10% para quem possui renda acima de R$ 1 milhão ao ano, isento de tributação.
Perspectivas e desafios
Haddad encerrou afirmando que o Brasil busca organizar sua carga tributária, considerada caótica e injusta, e aplicar maior justiça fiscal. Ele reforçou a importância de uma gestão econômica que dialogue com as necessidades do país e do mercado internacional, especialmente em um cenário de incertezas globais.