Nesta quinta-feira (26), o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 100% sobre produtos farmacêuticos de marca ou patenteados que entrarem no país, com início previsto para 1º de outubro. A medida tem causado reações variadas entre a população e o setor industrial, que teme impacto negativo nos custos e na disponibilidade de medicamentos.
Tarifa de 100% sobre medicamentos e possíveis isenções
Segundo Trump, a tarifa será aplicada a medicamentos patentados, a menos que a companhia construa uma fábrica nos EUA, o que poderia garantir uma isenção. A postagem foi feita em sua rede social, Truth Social, onde destacou que uma exceção será concedida apenas se a empresa estiver investindo na fabricação local de medicamentos. “Se uma empresa estiver construindo sua fábrica nos EUA, ela poderá ser isenta”, afirmou o presidente.
O anúncio veio após declarações anteriores de Trump, em agosto, quando mencionou a possibilidade de elevar a tarifa “small” para até 150% ou mesmo 250% ao longo de um ano ou mais, tentando estimular a fabricação doméstica, mas elevando os custos para consumidores e empresas.
Reações do setor farmacêutico e contra-argumentos
A Associação de Pesquisa e Fabricantes de Farmacêuticos dos EUA (PhRMA) expressou preocupação com o impacto da tarifa na indústria e na saúde pública. Alex Schriver, vice-presidente sênior de assuntos públicos da entidade, afirmou: “Cada dólar gasto com tarifas é um dólar que não pode ser investido na fabricação americana ou no desenvolvimento de novos tratamentos.” Ele acrescentou que medicamentos, tradicionalmente, têm sido isentos de tarifas para evitar aumento de custos e escassez.
Alguns fabricantes, como Roche e Novartis, já vêm planejando novas instalações nos EUA para escapar das tarifas. Ainda assim, segundo a PhRMA, a instalação de fábricas de medicamentos nos EUA pode levar de 5 a 10 anos, um período bem maior do que os 12 a 18 meses sugeridos pelo governo de Trump.
Repercussões na opinião pública e economia
Reações entre os americanos variam de preocupação até apoio. Algumas pessoas manifestaram insegurança sobre o impacto na acessibilidade aos medicamentos, enquanto outros comemoram a possibilidade de produção local elevada. “Nossa fabricação de medicamentos ficará nos EUA!”, comentou um apoiador nas redes sociais.
Entretanto, preocupações com o aumento de preços e riscos de escassez continuam a gerar debates acalorados, principalmente considerando o momento de instabilidade econômica dos EUA. Críticos alegam que essas tarifas podem elevar o custo dos remédios e prejudicar a saúde pública, além de desacelerar a inovação no setor farmacêutico.
Perspectivas para os próximos meses
Especialistas alertam que o breve período de implementação, de apenas 90 dias após o anúncio, pode não ser suficiente para ajustar a cadeia de produção e abastecimento de medicamentos. Como a instalação de fábricas é um processo longo — que pode levar anos —, o impacto real dessas tarifas ainda é incerto.
Enquanto mais detalhes devem ser divulgados pelo governo, a situação já provoca reflexões sobre os possíveis efeitos econômicos e de saúde pública, e se a medida ajudará a fortalecer a indústria farmacêutica americana ou resultará em aumento de custos para os consumidores.