Danieli Haloten ficou nacionalmente conhecida ao interpretar Anita na novela Caras e Bocas, escrita por Walcyr Carrasco. Em 2009, ela se destacou como a primeira atriz cega da teledramaturgia brasileira, um papel que desafiou estereótipos e trouxe visibilidade à deficiência. Hoje, aos 29 anos e após 15 anos de atuação, Danieli decidiu seguir um novo caminho, abandonando as telinhas para se dedicar a uma nova carreira dentro do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, onde trabalha na luta pelos direitos das pessoas com deficiência.
A trajetória na televisão
O caminho de Danieli para a fama não foi fácil. Ela revela que sempre enviou currículos para diretores e autores, mas encontrava dificuldades para ser chamada para testes. Sua grande oportunidade surgiu quando um autor se interessou por seu trabalho e pediu que ela enviasse um vídeo. Com o material aprovado, Danieli começou a gravar sua participação na novela, mesmo sem acreditar que sua voz pudesse ser reconhecida nas telinhas.
“Eu escuto minha voz, sei que sou eu, mas não consigo acreditar que sou eu. Faz tanto tempo, e agora estou vivendo uma realidade tão diferente”, confessa a ex-atriz. Para Danieli, interpretar um personagem distante de sua realidade foi enriquecedor. “Foi interessante viver uma experiência tão intensa, gravando todos os dias com pouco tempo para decorar os textos. Na época, foi gratificante, mas hoje não sei se voltaria a atuar”, afirmou, refletindo sobre o tempo que passou na profissão.
Mudança de carreira e novo foco
Após deixar a atuação, Danieli voltou a se concentrar em seus estudos. Formou-se em Direito e Jornalismo e encontrou na atuação junto ao TRT um espaço para promover a inclusão social. Ela participa de programas de trabalho apoiado, onde conta com o auxílio de estagiários para superar barreiras visuais e realizar tarefas administrativas. Essa nova fase não é apenas uma mudança de carreira, mas uma oportunidade de contribuir para uma causa que lhe é muito cara.
A ex-atriz também destaca a importância de discutir a inclusão de pessoas com deficiência dentro da sociedade e critica a lentidão do processo para a obtenção de cães-guia. Há anos na fila de espera, Danieli relata sobre como a falta do animal impacta sua autonomia. “É uma luta diária, e isso me motiva a chamar a atenção para a necessidade de políticas públicas mais eficazes”, enfatiza.
Reflexões sobre a inclusão
Danieli Haloten é um exemplo de transformação e superação. Sua trajetória na televisão não apenas lhe rendeu notoriedade, mas também a trouxe de volta à sociedade com um propósito maior: a luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Ela acredita que as narrativas da televisão devem se expandir para incluir mais personagens como o dela, que refletem a diversidade da sociedade brasileira.
“Acredito que há muito a ser feito em relação à inclusão. É preciso que mais pessoas e mais histórias sejam contadas. A visibilidade traz a possibilidade de mudança”, conclui. Com uma nova missão em mãos, Danieli segue sua vida profissional com determinação, esperando que sua história inspire outros a lutarem por seus direitos e pela inclusão de todos na sociedade.
Danieli Haloten não é apenas uma ex-atriz; ela é agora uma ativista dos direitos humanos, uma voz para muitos que enfrentam barreiras semelhantes e uma prova de que é possível recomeçar e fazer a diferença.
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