O número de pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio disparou 31,7% no segundo trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 565 solicitações, segundo monitoramento da Serasa Experian divulgado nesta segunda-feira. Esses dados indicam que os desequilíbrios financeiros, causados pelas margens de lucro reduzidas e pela crise na produção de 2023/2024, continuam afetando o setor agrícola.
Mais pedidos de recuperação de empresas agrícolas e revendedores
De acordo com a consultoria de dados, esta foi a primeira vez desde o quarto trimestre de 2023 que a quantidade de pedidos de recuperação de empresas agrícolas superou os de produtores pessoas físicas. Foram 243 solicitações de empresas do setor agrícola, o equivalente ao dobro do segundo trimestre de 2024, enquanto as pessoas físicas apresentaram 220 pedidos, um aumento de 2,8% na mesma base de comparação. Além disso, houve um crescimento de 8,5% nas reivindicações de revendedores de insumos, totalizando 102 pedidos no período, conforme aponta o monitoramento.
Impactos econômicos de juros e insumos mais caros
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou na última sábado, durante o podcast 3Irmãos, que há uma avaliação sobre possivelmente haver “abuso” do mecanismo de recuperação judicial em alguns setores do país. Haddad também destacou que, no primeiro semestre, a inadimplência do agronegócio aumentou, afetando bancos públicos como Banco do Brasil, Caixa, BNB e Basa, que tiveram o desempenho impactado por atrasos superiores a 90 dias.
“Estamos preocupados se vamos conseguir pagar as contas e se vai sobrar alguma coisa, se vamos ter rentabilidade”, afirmou Marion Kompier, sócia do Grupo Kompier, que administra a Fazenda Brasilanda, em Goiás. Ela explicou a dificuldade de manter a operação diante do cenário de custos elevados com insumos e juros, mesmo após a adoção de subsídios pelo governo.
Perspectivas para o setor agrícola
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos na safra 2025/2026 deve crescer 1%, atingindo recordes, graças às condições meteorológicas favoráveis. Entretanto, a recuperação financeira dos produtores continua um desafio, já que o quadro de cotações em queda e os custos elevados de insumos e crédito pressionam as margens de lucro desde a safra 2023/2024, podendo agravar os desequilíbrios financeiros no setor.
Como aponta o relatório da Serasa Experian, há uma preocupação crescente com a sustentabilidade financeira das empresas do setor agrícola, especialmente aquelas de menor porte, que enfrentam dificuldades crescentes para equilibrar receitas e despesas.
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