A Finlândia, frequentemente reconhecida como o país mais feliz do mundo, celebrou o marco de oito anos consecutivos no topo do ranking do Relatório Mundial da Felicidade. Este feito impressionante, que se destaca mesmo em tempos de incerteza global, levanta questões sobre o que realmente significa ser feliz para os finlandeses. A seguir, vamos explorar os elementos que podem explicar essa felicidade intacta em meio a circunstâncias desafiadoras.
A metodologia do Relatório da Felicidade
O Relatório Mundial da Felicidade é publicado anualmente pela Universidade de Oxford, em parceria com a Gallup e as Nações Unidas. A felicidade é medida com base em uma única pergunta: “Em uma escala de zero a 10, quão próximo você está da vida que considera a melhor possível?” Frank Martela, filósofo e professor, observa que essa abordagem pode ser enganosa, pois não questiona diretamente a vivência da alegria no dia a dia.
O que faz os finlandeses felizes?
Segundo Martela, o conceito de felicidade na Finlândia é mais sobre contentamento do que sobre alegria efêmera. O país se destaca pela forma como cuida de seus cidadãos, possibilitando acesso a recursos e serviços que promovem um bem-estar geral. Um exemplo emblemático é a biblioteca central de Helsinque, chamada Oodi, um espaço que oferece uma ampla gama de serviços, desde leitura a impressão em 3D, de forma gratuita e acessível a todos.
Uma sociedade solidária
A aceitação de impostos mais altos para sustentar um sistema socialista é vista pelos cidadãos finlandeses como um investimento no bem-estar coletivo. Tim Bird, um imigrante britânico que vive na Finlândia há mais de 40 anos, ressalta que o compromisso com a sociedade é forte: “As pessoas acreditam que, ao pagar impostos, estão recebendo algo em troca.”
Relação com a natureza e hábitos saudáveis
Outro fator que pode contribuir para a felicidade dos finlandeses é sua relação íntima com a natureza. A Finlândia possui uma quantidade impressionante de saunas per capita, superando até mesmo a quantidade de carros de passeio nos Estados Unidos. Carita Harju, co-autora do livro “O Poder do Quente e do Frio”, utiliza a sauna diariamente não apenas para benefícios físicos, mas também como uma prática de relaxamento mental.
A busca pela autenticidade
Martela enfatiza que a verdadeira felicidade finlandesa está na busca pela autenticidade e na rejeição a pressões externas: “Temos uma vida única para viver e seria triste se apenas seguíssemos os sonhos de outras pessoas”, argumenta. Essa ênfase na autêntica realização pessoal sobre aspirações impostas pelo exterior pode ser um dos pilares do bem-estar coletivo que posiciona a Finlândia como líder em felicidade mundial.
Conclusão
A combinação do apoio social, acesso a serviços essenciais, valorização do meio ambiente e um forte senso de comunidade pode explicar por que a Finlândia tem mantido a posição de país mais feliz do mundo. Em tempos de crise, onde muitos lutam com a incerteza, a sociedade finlandesa parece ter encontrado um equilíbrio que promove o contentamento e a satisfação a longo prazo. Essa fórmula de felicidade, cuidadosamente cultivada, é um modelo que muitos países poderiam se inspirar para buscar uma vida mais plena e feliz.