Vários dos maiores nomes da comédia internacional estão sob fogo cruzado ao se apresentarem na Riyadh Comedy Festival, promovido na Arábia Saudita entre 26 de setembro e 9 de outubro. O evento, considerado o maior festival de humor do mundo, é visto por críticos como uma estratégia do governo saudita para melhorar sua imagem internacional, apesar das controvérsias envolvendo violações de direitos humanos e ligações com eventos como os ataques de 11 de setembro e o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Comediantes sob ataque por sua participação na Riyadh Comedy Festival
Nomeados como Kevin Hart, Aziz Ansari, Bill Burr, Dave Chappelle, Louis C.K. e Pete Davidson estão na lista de atrações. Contudo, figuras como Marc Maron e Zach Woods têm sido vocalmente contrários à participação, questionando a ética e a legitimidade do evento. Maron, por exemplo, postou um trecho de sua rotina no Instagram, satirizando a relação entre o festival e os ataques de 11 de setembro, referindo-se aos supostos vínculos do governo saudita com os responsáveis por esses atos, o que o levou a declarar que não foi convidado a se apresentar.
Reações nas redes sociais e debates éticos
Outro comediante, Zach Woods, usou TikTok para criticar duramente a visão do governo saudita sobre direitos humanos, zombando das alegações de repressão política e mortes, incluindo a de Jamal Khashoggi. “Quem nunca se vendeu a um ditador?”, questionou Woods, apontando o uso do humor como uma ferramenta de conivência ou resistência.
Shane Gillis, por sua vez, revelou ter recusado uma oferta altamente lucrativa para participar do festival, justificando sua decisão por princípios e criticando a cultura de subserviência a regimes autoritários, ao afirmar que “não se faz negócio com mortos”.
Críticas oficiais e o contexto da repressão saudita
Organizações como a Human Rights Watch criticam a presença de artistas estrangeiros, alegando que a iniciativa serve para desviar a atenção da repressão brutal, que inclui censura, prisões arbitrárias e o assassinato de dissidentes, como Jamal Khashoggi em 2018. Segundo relatório da ONG, a participação de comediantes reforça uma lavagem de dinheiro da imagem do regime saudita, enquanto o país tenta melhorar sua reputação no cenário global.
O processo judicial envolvendo as famílias das vítimas do 11 de setembro, que recentemente conseguiu avançar nos Estados Unidos após uma decisão judicial, também é mencionado como uma prova das ligações misteriosas entre a Arábia Saudita e atos de terrorismo, segundo matérias do The New York Times e outros veículos de imprensa.
Repercussões e o dilema do artista diante de interesses econômicos
Apesar da forte crítica, alguns artistas argumentam que a decisão de participar do festival é uma questão de escolha pessoal e sustentam a importância de manter a integridade perante seus princípios. Pete Davidson relatou, em um podcast, que entrou na disputa por motivos financeiros, mesmo sabendo das controvérsias ao redor do evento.
O debate ético permanece intenso na internet, com fãs expressando desapontamento por nomes renomados, enquanto outros defendem que os artistas não devem ser vistos como responsáveis pelo conjunto de ações do regime saudita. Mensagens de reprovação e questionamentos sobre os lucros desses shows também circulam nas redes sociais.
O papel da comunidade artística e o futuro do protesto
Especialistas e organizações independentes alertam para a necessidade dos artistas usarem suas plataformas para denunciar violações de direitos humanos. A própria Human Rights Watch recomenda que os participantes do festival façam declarações públicas pedindo a libertação de dissidentes e criticando as ações do governo saudita, como forma de resistir à manipulação propagada pelo evento.
Por enquanto, poucos artistas se pronunciaram publicamente contra sua participação, mantendo uma postura ambígua diante do contexto político e social. Assim, a polêmica envolvendo o festival de Riade evidencia o dilema de um setor cultural dividido entre interesses comerciais, princípios éticos e o desafio de exercer liberdade de expressão em regimes repressivos.
Qual sua opinião sobre o envolvimento de comediantes no festival de Riade? Devem priorizar a carreira ou resistir às pressões por motivos éticos? A discussão continua acalorada nas redes e na mídia global.