Brasil, 28 de setembro de 2025
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Investigação revela rede de motéis usados pelo PCC para lavagem de dinheiro

Descoberta do MP-SP aponta que mais de 60 motéis em SP movimentaram R$ 450 milhões entre 2020 e 2024 para lavagem de dinheiro.

Numa operação chocante, uma investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), em parceria com a Receita Federal, revelou que mais de 60 motéis e empresas hoteleiras estavam sendo utilizados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavar dinheiro do crime organizado. Entre os anos de 2020 e 2024, essas acomodações movimentaram mais de R$ 450 milhões, em um esquema que foi cada vez mais complexo, envolvendo diversos ramos de negócios e estratégias elaboradas para dificultar a rastreabilidade do dinheiro ilícito.

Como funcionava o esquema?

O esquema de lavagem de dinheiro se caracterizava por camadas complexas e operações que visavam manter as atividades criminosas mascaradas. Um dos pontos-chave foi o super faturamento dos lucros: um dos motéis, por exemplo, chegou a distribuir 64% da receita bruta declarada em lucros e dividendos, algo extremamente difícil de se imaginar para um negócio real. Além disso, muitos dos motéis possuíam restaurantes que funcionavam com CNPJs próprios, os quais também eram utilizados para a lavagem de dinheiro. Um desses estabelecimentos declarou R$ 6,8 milhões em receitas em dois anos, repassando R$ 1,7 milhão em lucros.

Por que motéis?

Os motéis foram especialmente escolhidos para essa operação devido à natureza de suas transações financeiras. O setor é conhecido por movimentar grandes quantias em dinheiro, já que muitos clientes optam por pagamentos em espécie para garantir a discrição. Isso torna bastante complicado distinguir o que constitui receita legítima e o que é produto de atividades ilícitas. Dessa forma, o PCC se aproveitou dessa característica para fazer com que o dinheiro ilegal parecesse parte do faturamento normal do negócio.

Quais motéis foram identificados?

Entre os motéis identificados na investigação estão alguns estabelecimentos localizados na Grande São Paulo, em cidades como Ribeirão Pires, Santo André e São Bernardo do Campo, sendo eles:

  • Maramores Empreendimentos Hoteleiros
  • Motel Uma Noite em Paris
  • Motel Chamour
  • Motel Casual
  • Sunny Empreendimentos Hoteleiros
  • Mille Motel
  • Marine Empreendimentos Hoteleiros
  • Ceesar Park Empreendimentos Hoteleiros
  • Motel Vison

Além dos motéis, que outros ramos eram usados?

O PCC se mostrou bastante dinâmico na diversificação de suas frentes de lavagem de dinheiro. Além dos motéis, foram identificados postos de combustíveis, com cerca de 267 estabelecimentos ainda ativos movimentando R$ 4,5 bilhões em quatro anos, mas com a vergonhosa declaração de apenas 0,1% desse montante em tributos. Também foram apontadas franquias comerciais, onde pelo menos 98 estabelecimentos estavam associados ao grupo, além de empreendimentos no setor da construção civil.

Como os investigadores chegaram até a rede?

A descoberta do esquema começou a ser desvendada quando uma conta de iCloud de um operador do PCC trouxe à tona comprovantes digitais de transferências financeiras efetuadas por motéis para uma fintech chamada BK Bank, anteriormente conhecida como Berlin Finance Meios de Pagamentos Eireli. Esta fintech possibilitava que os valores depositados pelos clientes fossem misturados às contas da instituição, facilitando o envio do dinheiro de forma disfarçada e sem deixar rastro do remetente ou beneficiário real, atuando como uma “instituição de pagamento central” no esquema de lavagem.

Quem era o chefe do esquema?

Flávio Silvério Siqueira, conhecido como “Flavinho”, foi apontado como o chefe do esquema, mantendo um histórico de atividades relacionadas à lavagem de dinheiro para o PCC, especialmente através de postos de combustíveis adulterados. Ele está diretamente ligado à complexa rede que utilizava pelo menos 267 postos de combustíveis para movimentar cerca de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024.

Este intrigante caso não apenas revela a sofisticação das operações do PCC, mas também levanta alarmantes questões sobre a eficácia dos mecanismos de controle e fiscalização em setores que lidam com grandes quantias em dinheiro. A sociedade brasileira aguarda ansiosamente por medidas mais rigorosas que possam ser empregadas para prevenir esse tipo de crime organizado e proteger os interesses da população.

As operações contra o PCC têm como objetivo ainda bloquear R$ 7,6 bilhões em bens de 55 réus nos setores de combustíveis e motéis, destacando a necessidade de uma resposta contundente às atividades criminosas que afetam a segurança e a economia do país.

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