O gesto de Trump ao encontrar-se pessoalmente com Lula representou uma novidade importante para esclarecer dúvidas sobre as relações entre Brasil e EUA, especialmente após o anúncio do tarifão americano em 2 de abril, conhecido como “liberation day”. Essa interação mostrou, em poucos segundos, que o contato pessoal ainda é uma ferramenta poderosa para aliviar tensões diplomáticas e políticas.
Reconciliação por meio da cortesia
Assim como fizeram Bush em 2002 e Obama anos depois, Trump também utilizou um elogio bem calculado, reforçando a importância da gentileza — seja ela sincera ou não — na diplomacia presidencial. Nesse instante, ficou evidente que o relacionamento entre os dois países estava malconduzido, possivelmente por intervenções de auxiliares briguentos ou por estratégias de politização excessiva.
Reflexões sobre os erros diplomáticos
Ambos os lados precisam refletir sobre seus erros, sobretudo a tentação de politizar o tema, que agrava ainda mais as divergências. O principal erro dos EUA, por exemplo, é manter uma postura protecionista, que não resolve a sobrevalorização do dólar, sendo que o foco deveria ser o fortalecimento do yuan, como ocorreu na desaceleração com o Japão nos anos 1980.
O papel do Brasil na crise global
Para o Brasil, o impacto das tensões entre EUA e China é desproporcional e injusto, prejudicando seus interesses econômicos. Segundo analistas, o país tem sido tratado de forma incorreta, uma consequência das disputas comerciais entre as duas maiores potências mundiais e de uma política de isolamento adotada pelo próprio governo, que abandonou pautas tradicionais do chamado “Consenso de Washington” e optou por uma retórica antiamericana, como forma de afirmar sua soberania.
O momento de recalibrar as relações
Este momento de aproximação, mediado pela “química” entre Lula e Trump — um fenômeno interpessoal que dispensa explicações racionais — revela uma oportunidade de reequilibrar as relações bilaterais. Contudo, tudo dependerá do que será feito após esse encontro: há riscos de fracassos futuros, mas também esperança de um diálogo mais racional e cooperativo.
Perspectivas futuras na relação Brasil-EUA
Para que essa reaproximação seja duradoura, é fundamental que os lideranças políticas tenham juízo e não revertam as boas primeiras impressões em retóricas adversas. A história mostra que, muitas vezes, um simples ato de cortesia pode desbloquear conflitos complexos, resultado de interesses e estratégias políticas.
Fica a expectativa de que os gestores dos dois países aproveitem esse momento para avançar em uma agenda de cooperação que beneficie ambos, evitando que a diplomacia seja novamente comprometida por rancores e disputas ideológicas. Afinal, o mundo precisa de maior entendimento e menos polarização — valores que, por vezes, surgem de gestos simples e genuínos.
Fonte: O Globo