Em 2 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início ao julgamento de Jair Bolsonaro e seus comparsas devido à tentativa de golpe ocorrida em 2021. O evento, que se desenrolou em um ambiente de instabilidade política, viu um deputado de terno marrom uma tribuna para defender os réus, enquanto as vozes contrárias clamavam por justiça.
Deputado se manifesta em defesa dos réus
Durante sua fala, o deputado Marcelo Freitas exprimiu sua perplexidade em relação ao julgamento, insinuando que o processo teria “cartas marcadas”. Ele demonstrou “apreço” e “respeito” pelos acusados e argumentou que a denúncia “não deveria ser discutida”. O parlamentar não hesitou em declarar que uma provável condenação seria uma “vergonha” para o Judiciário e não para os acusados.
Marcelo Freitas, que combina funções de deputado e delegado de polícia, ganhou notoriedade na onda bolsonarista de 2018, período que levou muitos militares e figuras de segurança pública a ocuparem cadeiras no Congresso. Agora, Freitas se prepara para assumir a relatoria do processo contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética, uma posição que lhe confere ainda mais destaque nas atuais tensões políticas.
Acusações contra Eduardo Bolsonaro
A representação apresentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) pede a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro, conhecido como “Zero Três”, alegando quebra de decoro parlamentar. A denúncia aponta casos de conduta inadequada, incluindo o abandono do mandato para residir fora do país e tentativas de articular sanções econômicas contra o Brasil.
A documentação também menciona ameaças à democracia feitas por Eduardo. Em declarações recentes, ele afirmou que “sem anistia para Jair Bolsonaro, não haverá eleições em 2026”, o que suscita dúvidas sobre se ele aposta em uma nova tentativa de golpe ou se conta com o apoio de potências estrangeiras.
Relação entre Freitas e Eduardo Bolsonaro
Como relator do processo, Freitas não demonstra incoerência em seus discursos. Ele constantemente pede anistia para os envolvidos no golpe e defende o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O deputado também mostrou apoio a manifestações que ocorreram na Câmara, em protesto pela prisão domiciliar de Bolsonaro, e elogiou medidas do governo que enfraqueceram o Estatuto do Desarmamento, alegando que defendia o “sagrado direito à legítima defesa”.
Freitas soube unir extremismo e fisiologismo em sua trajetória. Nas redes sociais, se apresenta como “campeão de emendas”, capitalizando a liberação de verbas para municípios mineiros, enquanto distribui benesses como tratores e ambulâncias a prefeitos, convertendo-os em potenciais cabos eleitorais a seu favor.
Corrupção e interferência do STF
Quando o ministro Flávio Dino decidiu suspender o pagamento das emendas em meio a indícios de corrupção, Freitas acusou o STF de “interferir na Casa do Povo”. Ele defendeu que liberar os recursos seria crucial para que “cada deputado e senador seja valorizado na ponta”, revelando que a captura do orçamento muitas vezes beneficia mais os parlamentares do que a população em geral.
Relações com o clã Bolsonaro
Em um vídeo que ganhou nova circulação, Freitas é visto ao lado de Eduardo Bolsonaro, chamando-o de “amigo” e prometendo apoio incondicional a Jair Bolsonaro. Esta proximidade com o clã não impediu sua escolha como relator do processo no Conselho de Ética, onde a chance de punição parece remota. O presidente do colegiado, Fabio Schiochet, já se manifestou a favor dos réus, afirmando não enxergar quebra de decoro nas ações de Eduardo Bolsonaro.
A combinação de apoio à impunidade e a um discurso direitista torna o cenário político no Brasil extremamente complexo. Enquanto o julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados no STF avança, a visão de que o processo pode ser manipulado por interesses políticos levanta preocupações sobre a integridade do Judiciário e reforça o debate sobre a ética na política brasileira.