No dia 27 de setembro, a cidade de Bilky, na Ucrânia, foi palco de uma cerimônia de beatificação que ressoou não apenas no coração da Igreja Greco-católica, mas também nas almas de muitos que creem na esperança e na resistência. O evento foi presidido pelo Cardeal Grzegorz Ryś, Arcebispo de Łódź, Polônia, que representou o Papa na celebração dedicada a Pedro Paulo Oros, um sacerdote mártir cuja vida foi marcada pelo serviço e fidelidade até o fim.
A vida de Pedro Paulo Oros
Pedro Paulo Oros nasceu em 14 de julho de 1917, na aldeia de Bir, na Hungria. Desde cedo, sua vida foi um testemunho de fé. Após uma série de perdas familiares, incluindo a morte de sua mãe, Pedro encontrou abrigo e orientação no seio de uma tradição religiosa sólida, que guiou seus passos até o sacerdócio. Em 1942, ele foi ordenado sacerdote pela Diocese de Mukachevo, desempenhando suas funções em um período em que o regime soviético intensificava suas tentativas de acabar com a Igreja Greco-católica. Mesmo diante da repressão, Oros permaneceu firme em sua fé e ministério.
O martírio de um fiel sacerdote
Aos 36 anos, Pedro Paulo Oros foi assassinado na aldeia de Zarichchia, em 27 de agosto de 1953, durante uma ação brutal perpetrada pelos Serviços Secretos soviéticos. Na véspera da festa da Assunção, ele atendia confissões e presidia a liturgia, mostrando coragem e determinação mesmo diante da morte iminente. A última cena de sua vida, em que, antes de ser executado, ajoelhou-se para receber a comunhão, é lembrada como um ato de fé inabalável.
A sepultura e o resgate da história
Durante 39 anos, o local onde o corpo do padre Oros foi enterrado permaneceu em segredo. Somente após a legalização da Igreja Greco-católica, testemunhas começaram a revelar informações sobre seu sepultamento, permitindo que seus restos mortais fossem exumados e cerimônias de honra pudessem ser realizadas. Em 23 de agosto de 1992, suas relíquias foram reenterradas em uma capela próxima à igreja em Bilky, mantendo viva a memória do mártir.
Um símbolo de resistência
O reconhecimento do martírio de Pedro Paulo Oros pelo Papa Francisco, em agosto de 2022, e a realização da beatificação em setembro de 2023 são vistos como marcos significativos para a Igreja e a sociedade ucraniana. O ato não é apenas religioso, mas um esforço de restaurar a dignidade e a memória de um povo que, historicamente, enfrenta adversidades. Nos tempos desafiadores da guerra atual, a vida de Oros ressoa como um chamado à coragem e à perseverança.
Reflexões sobre o legado de Oros
A beatificação de Pedro Paulo Oros oferece uma nova percepção sobre a luta pela liberdade e dignidade humana. Seu testemunho é um lembrete poderoso de que a verdadeira resistência pode ser encontrada na fé e no serviço aos outros. A história de Oros inspira não apenas os membros da Igreja, mas todos os ucranianos, que procuram manter suas raízes e lutar pela paz em tempos de conflito.
Em um momento em que a guerra ainda assola a Ucrânia, a memória de um sacerdote que se recusou a trair sua fé ressoa como uma luz de esperança. A vida e o martírio de Pedro Paulo Oros são um convite a todos nós a refletir sobre a importância da coragem, do serviço e da fé diante da adversidade.
(* Teodor Matsapula, Bispo de Mukachevo de Rito Bizantino)
Para mais informações sobre a cerimônia de beatificação, acesse a reportagem completa.