Brasil, 27 de setembro de 2025
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Doação de órgãos no Brasil: desafios e histórias inspiradoras

Com o aumento dos transplantes, famílias ainda enfrentam resistência na doação de órgãos. Conheça histórias que ressaltam a importância desse ato.

Nos últimos anos, a questão da doação de órgãos no Brasil se tornou um tema central em discussões sobre saúde pública. Apesar de um aumento significativo no número de transplantes, uma preocupação crescente se destaca: a recusa das famílias em autorizar a doação após a morte de um ente querido. Essa contradição se torna ainda mais evidente à medida que histórias impactantes de doadores e receptores emergem, ressaltando a necessidade urgente de conscientização sobre a importância desse ato solidário.

Cenário atual da doação de órgãos no Brasil

Um levantamento da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas da Unicamp revela dados alarmantes. Entre 2021 e agosto de 2025, foram registradas 403 notificações de potenciais doadores na região de Campinas, de onde apenas 122 resultaram em doações efetivas. Embora esses números sejam significativos, a taxa de recusa familiar continua alta, com 45% das famílias ainda se negando a doar. Nesse intervalo, foram realizados 1.511 transplantes, incluindo 921 rins, 378 fígados, 106 corações, 85 pulmões e 21 pâncreas.

Esses dados são particularmente preocupantes, considerando que mais de 80 mil pessoas aguardam na fila por um transplante no Brasil. O Ministério da Saúde registrou, apenas no primeiro semestre de 2025, 14,9 mil transplantes, marcando o maior número em uma década, com um crescimento de 21% em relação a 2022.

O Dia Nacional da Doação de Órgãos

A celebração do Dia Nacional da Doação de Órgãos, marcado para o último sábado (27), insere-se na campanha de “Setembro Verde”, que visa promover a conscientização sobre a importância da doação. Apesar das iniciativas, a realidade enfrentada por muitos pacientes é desafiadora. Casos como o de Hércules Ferrari, que recebeu um transplante de fígado após ser diagnosticado com hepatite medicamentosa fulminante, mostram a urgência da doação e a generosidade que esse gesto representa.

Histórias de vida e superação

Hércules, aos 57 anos, encontrou-se em uma luta pela vida após um tratamento contra o coronavírus. Em menos de uma semana após entrar na fila de espera, ele recebeu a notícia de que havia um doador compatível. “Eu fui abençoado com esse órgão. Considero isso um ato de amor extremo”, comentou. Coincidentemente, ao ser internado para o procedimento, Hércules foi assistido por uma enfermeira que havia sido sua aluna 25 anos antes, um reencontro que trouxe esperança e alegria em meio à dificuldade.

Esse tipo de experiência ilustra como a doação de órgãos pode não apenas salvar vidas, mas também criar laços entre as pessoas. Cada doador pode beneficiar até 10 pessoas, já que órgãos, além de tecidos como córneas e pele, também podem ser transplantados.

Como funciona a doação de órgãos?

A doação de órgãos inicia-se com a identificação de um potencial doador, geralmente um paciente com morte encefálica diagnosticada. O processo de confirmação da morte encefálica exige um rigoroso protocolo de testes e, uma vez confirmado, o hospital notifica a OPO, que, por sua vez, entra em contato com a família para obter autorização.

É importante ressaltar que no Brasil, a doação só pode ocorrer após a autorização familiar. Para aqueles que desejam ser doadores, é fundamental compartilhar essa intenção com os familiares, pois a conscientização sobre o desejo de doar pode facilitar a decisão em momentos delicados.

O papel da comunidade e as novas iniciativas

A cidade de Campinas se destaca pela implementação da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO), uma plataforma que permite que moradores registrem seu desejo de doar de forma digital, prática e revogável a qualquer momento. Desde sua introdução em abril de 2024, 96 cidadãos registraram sua intenção, uma iniciativa que pode ajudar a aumentar o número de doações e contribuir para a saúde pública.

Além disso, a atuação de hospitais como o Hospital Municipal Mário Gatti tem sido essencial na captação de órgãos, com a equipe realizando captações regulares. Entre 2022 e 2025, o hospital foi responsável por 11 captações, que possam ser um divisor de águas na vida de muitas pessoas.

À medida que a sociedade avança e se torna mais consciente da importância da doação de órgãos, é vital que continuemos a promover diálogos sobre esse tema. Somente assim poderemos criar um futuro onde cada doador é valorizado e cada vida, numerosa em possibilidades, possa ser salva através do ato de uma doação.

Em suma, a doação de órgãos é uma questão de amor, solidariedade e, principalmente, de humanidade. Que possamos todos refletir sobre isso e, quem sabe, inspirar ações que salvem vidas.

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