As relações entre os Estados Unidos e a Índia, que pareceram se esfriar nos últimos meses, continuam a evoluir de forma silenciosa, com sinais de avanços em negociações e cooperação. Apesar das diferenças e de algumas crises recentes, os dois países se esforçam para manter uma parceria estratégica diante de desafios globais, especialmente em relação à China.
Desgaste na relação e principais conflitos
Nos últimos anos, a confiança pessoal entre o então presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, diminuiu significativamente. Após um período de alinhamento devido ao confronto com a China e interesses econômicos conjuntos, eventos recentes evidenciaram rupturas nesse entendimento.
A entrada de Modi na Organização de Cooperação de Xangai, em Tianjin, ao lado de líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin, foi interpretada como uma demonstração de independência em relação às pressões de Washington. Além disso, a imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre produtos indianos por compras de petróleo russo agravou as tensões.
Perspectivas de aproximação e negociações comerciais
Apesar do clima de conflito, sinais de aproximação surgiram. Recentemente, as negociações comerciais ganharam impulso, com a expectativa de um acordo até o final do ano. Entre os avanços, destaca-se o entendimento de que os EUA e Índia concordaram em não exigir informações de código-fonte para empresas americanas que atuam na Índia.
Além disso, há esperança de que a Índia torne mais acessível a importação de soja americana, facilitando as exportações agrícolas dos EUA, especialmente com a desaceleração das compras da China. Ainda, há possibilidades de encontro direto entre Modi e Trump na cúpula do Leste Asiático na Malásia, em outubro, visando alisar as arestas.
Impactos e limites da reaproximação
No entanto, o alinhamento pessoal entre os líderes dificilmente será recuperado, dado o desgaste dos vínculos políticos e diplomáticos recentemente. O aumento de tarifas e taxas, como a cobrança de US$ 100 mil por vistos H-1B, é exemplo de como questões de interesse bilateral permanecem como pontos de fricção.
Segundo analistas, o relacionamento continuará sustentado por interesses geopolíticos e econômicos comuns, mesmo com o sentimento de desconfiança e divergências pessoais. Essa dinâmica artificial por enquanto deverá prevalecer, com novos atritos e dificuldades emergindo ao longo do caminho.
Perspectivas futuras para os EUA e Índia
Mesmo com as atuais dificuldades, a colaboração entre Washington e Nova Délhi parece estar entrando em uma fase de maior pragmatismo. As negociações em andamento e encontros previstos indicam uma estratégia de manutenção do equilíbrio, buscando benefícios mútuos em questões comerciais e de segurança.
Especialistas destacam que, embora o vínculo pessoal entre Trump e Modi não seja mais o mesmo, o alinhamento de interesses mais amplos deve garantir uma relação mais estável e produtiva a médio e longo prazo.