Um técnico de robótica da Tesla ajuizou uma ação de US$ 51 milhões contra a montadora e um fornecedor de robôs, após alegadamente ser atingido por um robô com defeito. Peter Hinterdobler, de 50 anos, diz que ficou inconsciente devido ao acidente e sofreu lesões graves em julho de 2023. Com despesas médicas que já somam US$ 1 milhão e mais de US$ 6 milhões em tratamento futuro, a situação é angustiante para ele.
Detalhes do acidente na fábrica da Tesla
No processo, Hinterdobler afirma que o acidente ocorreu enquanto ele auxiliava um engenheiro na desmontagem de um robô na fábrica da empresa em Fremont, na Califórnia. De acordo com ele, o braço do robô “liberou-se subitamente e sem aviso prévio com grande força”. A combinação da potência do braço mecânico e o peso de um contrapeso de 8.000 libras o derrubou e o deixou estirado no chão da fábrica.
Na ação, o técnico está buscando uma compensação de US$ 51 milhões por salários perdidos, angústia emocional, dor e sofrimento, além da capacidade de ganhos reduzida. Hinterdobler decidiu processar tanto a Tesla quanto a FANUC America, uma empresa japonesa que fabricou o equipamento que supostamente o feriu.
Implicações para a Tesla e Elon Musk
Essa ação judicial surge em um momento delicado para o chefe da Tesla, Elon Musk, que tem enfrentado dificuldades com a queda de sua participação no mercado de veículos elétricos, conforme relatórios financeiros recentes. Segundo as últimas estatísticas, apenas 38% dos novos proprietários de veículos elétricos estão dirigindo um Tesla, marcando a primeira vez em quase oito anos que a empresa vendeu menos de 40% dos novos EVs nos Estados Unidos.
Além disso, Hinterdobler afirma que a Tesla falhou em garantir que os mecanismos do robô estivessem seguros antes que ele trabalhasse no equipamento. Ele acusa a montadora de ser responsável por não ter “desenergizado, garantido e estabilizado” o robô de forma segura antes da sua tentativa de desmontagem.
A alegação de Hinterdobler vai além, incluindo a negligência da FANUC no design do equipamento, que segundo ele, foi mal projetado para o local de trabalho. Após o acidente, Tesla supostamente implementou novos protocolos de segurança para o robô afetado.
O futuro da Tesla em uma época de desafios
A empresa não comentou imediatamente sobre a ação judicial. O episódio acontece poucas semanas depois que foi divulgado um relatório preocupante de dados de vendas de veículos, que sinaliza um declínio na preferência dos consumidores pela marca. A crise aumenta em um cenário onde a Tesla é acusada de vender veículos que se tornaram inacessíveis para muitos, fazendo com que os consumidores busquem modelos mais baratos de concorrentes como Hyundai, Chevy e Kia.
Os motoristas de veículos elétricos, que em sua maioria têm tendências políticas mais liberais, expressaram seus desejos de boicotar a Tesla devido ao papel de Musk como conselheiro da Casa Branca sob a administração de Donald Trump, período em que ele tentou cortar os gastos do governo federal.
As expectativas eram altas para o lançamento do Cybertruck, com Musk afirmando que havia mais de um milhão de reservas um mês antes do lançamento. No entanto, em dois anos desde a sua apresentação, apenas cerca de 52.000 unidades foram vendidas, contrariando as expectativas iniciais.
Planejamento futuro e inovações tecnológicas
Recentemente, a Tesla divulgou o “Master Plan 4”, um planejamento estratégico para o futuro, que não inclui novos modelos de veículos ou atualizações nos carros existentes. Em vez disso, a empresa enfatiza a importância da inteligência artificial e da robótica, prometendo robôs humanoides capazes de realizar tarefas domésticas e veículos autônomos sem volantes ou espelhos retrovisores.
A terceira estratégia da Tesla parece arriscada, especialmente considerando que o sucesso da empresa está atrelado não apenas à inovação de tecnologia, mas também ao pacote de compensação de US$ 1 trilhão proposto para Musk, que depende da valorização da empresa para US$ 8,5 trilhões na próxima década.
Enquanto isso, a situação para Hinterdobler e outros trabalhadores que operam com tecnologia avançada e potencialmente perigosa levanta questões sobre segurança no local de trabalho e responsabilidades das empresas no tratamento de seus funcionários.