Os Estados Unidos anunciaram uma nova taxa de US$ 100 mil para o visto H-1B, o principal programa de imigração para profissionais qualificados, o que tem causado preocupação no setor de tecnologia. A mudança, que visa priorizar empregos de alto valor, ameaça restringir o fluxo de talentos estrangeiros, especialmente de startups com recursos limitados.
Reações diversas à nova taxa de visto H-1B
Enquanto alguns empreendedores, como Selin Kocalar, diretora de operações de uma startup de inteligência artificial em São Francisco, refletem sobre os efeitos restritivos da medida, outros, como Reed Hastings, CEO da Netflix, veem a tarifa como uma oportunidade de fortalecer a qualificação dos profissionais admitidos. Hastings comentou nas redes sociais que a taxa seria utilizada para selecionar talentos com maior potencial de impacto.
Selin, que administra uma equipe de 23 pessoas e levantou US$ 35 milhões em investimentos, afirmou que a nova taxa de US$ 100 mil “vai dificultar a contratação de talentos essenciais”. Ela ressaltou que startup não pode gastar como uma grande corporação para manter sua competitividade.
Impacto na indústria de tecnologia e na inovação
Estudos indicam que o programa H-1B, responsável por aproximadamente 141 mil petições no último ano fiscal, é fundamental para atrair engenheiros de software, especialistas em inteligência artificial e outros profissionais do setor. A alta tarifa representa uma quebra na dinâmica de contratação, segundo especialistas.
Jihan Merlin, chefe de estratégia de imigração da startup Alma, alertou que as pequenas empresas podem ser as mais prejudicadas. “Se a taxa se mantiver, nossa capacidade de contratar com o programa H-1B será comprometida”, afirmou, destacando a vulnerabilidade de empresas com financiamento limitado.
Repercussões e perspectivas futuras
Empresas de grande porte, como a Microsoft e a Netflix, com milhares de funcionários e receita bilionária, parecem mais resilientes ao aumento de custos. A Netflix, que registrou mais de US$ 11 bilhões em receita no último trimestre, manifestou-se relativamente tranquila, vendo a medida como uma validação para trabalhadores de altíssimo nível.
Especialistas alertam que a nova política pode agravar a disputa global por talento em inteligência artificial, criando uma divisão entre quem tem e quem não tem acesso facilitado à imigração. “Essa mudança pode prejudicar a liderança tecnológica dos EUA”, afirmou Bilal Zuberi, sócio-diretor da Red Glass Ventures.
Repercussões para startups e alternativas
Startups com recursos restritos, como a Alma, dependem de profissionais estrangeiros via programa H-1B, e já consideram alternativas, como o visto O-1 ou a expansão internacional, para contornar a nova taxa. Segundo Zuberi, “não é plausível pensar que essas empresas substituirão talentos por americanos, especialmente em setores altamente especializados”.
Por sua vez, a proposta do governo inclui que o aumento na taxa não afetará atuais portadores do visto, mas reforça a preocupação de que a política possa frear a atração de talentos inovadores e comprometer a competitividade dos EUA no cenário global de tecnologia e inteligência artificial.
Iniciativas de reformulação do sistema de vistos, como a proposta do ex-presidente Trump de priorizar profissionais com maiores salários, ainda estão em discussão, enquanto o setor de tecnologia monitora atentamente os desdobramentos dessas mudanças.
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