Brasil, 27 de setembro de 2025
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Sobrevivente de ataque em ônibus pede indenização de R$ 1 milhão

Maria Adelina, vítima de um ataque em Piracicaba, relata perdas e busca justiça após a tragédia que deixou sua filha morta.

A história de Maria Adelina Gomes da Silva, de 64 anos, é um testemunho de superação e dolorosa realidade. Em 21 de junho de 2022, um ataque repentino em um ônibus urbano de Piracicaba (SP) deixou um impacto devastador em sua vida. Neste fatídico dia, um homem armado com uma faca começou a esfaquear passageiros, resultando em três mortes e vários feridos. Maria, uma das sobreviventes, teve sua vida transformada para sempre ao perder sua filha, Adriana Coelho da Silva, de 42 anos, e ao sofrer ferimentos graves que a deixaram sem movimentos em um dos braços.

As consequências do ataque na vida de Maria

Maria estava voltando de uma consulta psicológica em uma ONG quando o ataque ocorreu. “Quando escutei aquele barulho e vi sangue, eu corri. Eu falei: ‘Senhor, a minha vida é do Senhor’”, relembra a idosa. O pânico tomou conta do ônibus, mas Maria conseguiu escapar e foi a primeira a receber socorro. Ela foi levada à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital dos Fornecedores de Cana, onde passou por uma cirurgia plástica reconstrutiva. Porém, ficou sem saber o destino de sua filha até receber a trágica notícia por meio de outra filha: “A Adriana não aguentou, mãe”, relata.

Reflexos duradouros na vida de uma mãe

O ataque não apenas a deixou com cicatrizes, mas também causou profundas sequelas emocionais e financeiras. “Foi muito difícil pra mim. Depois, não quis mais ficar em casa. O trauma foi muito grande”, desabafa Maria. Além das dores físicas constantes, ela perdeu a capacidade de realizar atividades simples do dia a dia. Com a perda do movimento do braço, não consegue mais fazer bicos como antes, quando produzia salgadinhos para venda. Agora, sobrevive com um benefício de R$ 500 devido à perda da visão de um dos olhos, que havia ocorrido em 2019.

A dificuldade financeira se intensificou: “Às vezes quero comprar um pão e não tenho um centavo no bolso”. Sem amparo das autoridades ou assistência da transportadora Tupi, responsável pelo ônibus, Maria enfrentou momentos de desespero e a necessidade de fazer empréstimos para comprar remédios.

A busca por justiça e indenização

Sentindo-se desamparada, Maria decidiu entrar com um processo contra a Prefeitura de Piracicaba e a Tupi, solicitando uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais, corporais e estéticos. Em sua ação, seu advogado, Luiz Fernando Barbosa, denuncia a falta de medidas de segurança adequadas que teriam evitado o ataque. “Pagou pra entrar no ônibus, tem que ter segurança. Exijo meu direito”, afirma Maria.

Reação das autoridades e da empresa

A Prefeitura de Piracicaba contestou a legitimidade da ação, alegando que a responsabilidade pela segurança era da empresa de transporte, e não da administração pública. Além disso, assegurou que a ajuda foi imediata no dia do ataque, com o socorro prestado a todas as vítimas. A Tupi, por sua vez, expressou condolências pelo ocorrido, mas argumentou que não poderia ser responsabilizada por atos de terceiros, refutando a indenização por considerá-la desproporcional.

A gravidade das sequelas sofridas por Maria é histórica. “O trauma vivido pela autora extrapola em muito os limites do suportável”, afirma o advogado na ação, mencionando o abalo emocional e as dificuldades enfrentadas diariamente.

Reflexões sobre segurança e saúde mental

O autor do ataque foi internado em uma clínica psiquiátrica, após laudos indicarem que sofre de esquizofrenia e dependência do álcool. “Se ele tinha doença mental e ele bebesse, não era pra fazer uma barbaridade”, critica Maria. Sua história gera questionamentos sobre a segurança no transporte público e a assistência às vítimas de violência.

Com a esperança de superar as cicatrizes e angústias, Maria segue lutando não apenas por justiça, mas por um reconhecimento das condições que possibilitam que tragédias como a sua não se repitam. A sociedade e o poder público têm um papel crucial na prevenção e no suporte às vítimas, evitando que histórias como a de Maria se tornem mais uma entre tantas outras.

Em tempos de incerteza e dor, Maria Adelina continua buscando amar e cuidar de suas memórias, enquanto pede à Justiça o reconhecimento de seus sofrimentos e a busca por segurança e dignidade.

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