Brasil, 27 de setembro de 2025
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Divisões internas no PL sobre anistia e redução de penas

A discussão sobre anistia e redução de penas no PL gera divisões acentuadas entre membros do partido e aliados de Bolsonaro.

A recente discussão sobre a redução de penas como alternativa à anistia tem gerado tensões internas no Partido Liberal (PL). Enquanto uma ala do partido, mais próxima ao Centrão, tenta negociar com Jair Bolsonaro, o ex-presidente e seus familiares têm se mostrado firmes na recusa a qualquer diálogo que não seja a proposta de anistia ampla e irrestrita. Essa divisão não apenas reflete as diferentes visões dentro do PL, mas também pode impactar o cenário político brasileiro nos próximos meses.

Anistia ampla x dosimetria: as divergências no PL

Dentro do PL, há integrantes que acreditam que a redução das penas dos crimes cometidos por Bolsonaro poderia ser uma solução mais viável do que a anistia completa. Essa ala argumenta que, com a alteração do Código Penal, as penas poderiam ser reduzidas a um intervalo entre quatro e oito anos de prisão, em contraste com a condenação inicial de 27 anos e três meses pela trama golpista. Para esses aliados de Bolsonaro, a redução das penas poderia aumentar as chances de o ex-presidente cumprir a pena em prisão domiciliar, evitando a Penitenciária da Papuda, que gera grandes preocupações entre seus apoiadores.

A pressão dos filhos e a oposição à redução de penas

Eduardo e Flávio Bolsonaro, filhos do ex-presidente, têm manifestado forte oposição a qualquer negociação que envolva a redução de penas. Interlocutores do clã ressaltam que qualquer articulação nesse sentido ocorre sem a anuência de Jair Bolsonaro e pode ser vista como uma tentativa de minar a narrativa de “perseguição política”. A resistência dos bolsonaristas fiéis se intensifica diante das propostas pragmáticas que emergem no Congresso, sendo Valdemar Costa Neto, presidente do PL, um dos principais alvos das críticas.

No decorrer da última semana, Valdemar foi acusado de adotar uma postura “dupla”, tentando convencer Bolsonaro a aceitar a proposta de dosimetria. Essa situação criou um ambiente de descontentamento entre os militantes da legenda, com alguns interpretando as iniciativas dele como um ato de traição. De fato, Eduardo Bolsonaro chegou a ameaçar deixar o partido, acusando Costa Neto de fazer “conluio” com o Centrão e abrindo espaço para adversários na política.

A confrontação entre a ala radical e os pragmáticos

O cenário atual no PL está marcado por uma clara polarização. Enquanto a ala mais radical defende uma anistia irrestrita, a outra parte busca uma solução mais pragmática, refletindo em um embate sobre o futuro do partido e seu alinhamento político. O ex-ministro Fábio Wajngarten, que se posiciona próximo a Bolsonaro, criticou os que insistem em articulações fora das diretrizes do ex-presidente, chamando-os de “malucos”.

“Precisamos votar anistia. Com relação à dosimetria, ele tem o mesmo pensamento que eu: não cabe ao Congresso Nacional, cabe ao Poder Judiciário. Poderíamos buscar alteração de pena, mas não é nossa intenção fazer esse debate neste momento. Queremos votar anistia”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL.

Desafios para a anistia no Congresso

A pressão por um acordo parece intensificar-se, à medida que a proposta de anistia enfrenta oposição no Congresso. A recente rejeição da PEC da Blindagem, que buscava um perdão mais amplo, acendeu um alerta para os líderes do Centrão e do PL. Setores do partido estão começando a perceber que a viabilidade de uma anistia ampla pode ser comprometida sem um entendimento prévio entre as duas Casas do Congresso, levando muitos a reconsiderar suas posições e estratégias.

A ideia de uma “traição” interna não se limita apenas à percepção dos integrantes do clã Bolsonaro. Muitos acreditam que qualquer abertura para a dosimetria enfraquece a posição do partido e, por consequência, do ex-presidente. “Não vejo sentido algum na redução de pena. O crime real cometido por alguns foi depredação ao patrimônio público”, comentou o deputado Bibo Nunes, enfatizando que o único caminho aceito seria a anistia total.

Com as disputas internas se acirrando e as negociações avançando, o futuro do PL e sua relação com Jair Bolsonaro permanecem incertos, refletindo a complexidade e os desafios do atual cenário político brasileiro. A luta entre as diferentes visões dentro do partido pode determinar não apenas a continuidade da influência de Bolsonaro, mas também a direção política do país nos próximos capítulos.

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