Brasil, 27 de setembro de 2025
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Crise humanitária entre os yanomami: quase 3 mil mortes em 10 anos

Dados do Ministério da Saúde revelam uma grave crise de saúde entre os yanomami, destacando desnutrição e doenças evitáveis como principais causas.

Nos últimos dez anos, o Brasil viu uma alarmante perda de vidas entre os indígenas da etnia Yanomami, com quase 3 mil óbitos registrados. As informações, obtidas pelo Metrópoles através da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam uma tragédia humanitária onde as principais causas de morte são doenças preventáveis, como desnutrição e pneumonia. A atual situação dos yanomami é um reflexo da exploração e do descaso que este povo tem enfrentado, agravada pela invasão de garimpeiros e madeireiros ilegais em seus territórios.

Cenário alarmante nas terras yanomami

A Terra Indígena Yanomami, que possui uma extensão de 96 mil km², maior que o território de Portugal, está localizada entre os estados do Amazonas e Roraima. A crise humanitária no local ganhou destaque quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) em 2023. Essa decisão ocorreu após uma visita técnica do Ministério da Saúde, que encontrou crianças em estado crítico, afetadas por malária, infecções respiratórias agudas e desnutrição.


Estatísticas preocupantes de mortalidade

  • Entre 2015 e 2024, foram registrados 2.918 óbitos na região yanomami, sendo que 2023 foi o ano com o maior número de mortes, totalizando 428.
  • A rápida mobilização do governo, em resposta a esta emergência, resultou na execução de uma força-tarefa com investimento de R$ 596 milhões na melhoria da assistência ao povo yanomami, evidenciando a seriedade da situação.

A pneumonia foi identificada como a principal causa de mortes dos yanomamis nos últimos dez anos. Esta infecção ocorre quando agentes infecciosos, como bactérias e vírus, atacam os pulmões. O tratamento adequado, segundo o Ministério da Saúde, é a administração de antibióticos. A desnutrição, que levou à morte de 251 indivíduos no mesmo período, é um escândalo, especialmente considerando que a Constituição Federal garante o direito à alimentação adequada.

Além disso, as mortes por agressões também são uma preocupação. O Metrópoles tentou contato com a Polícia Federal e a Polícia Civil de Roraima para discutir o alto número de homicídios entre os yanomami, mas não obteve respostas sobre investigações em andamento. A PF indicou que, geralmente, esses casos são de responsabilidade da Polícia Civil, o que levanta questões sobre a proteção aos direitos humanos dessa população vulnerável.

A presença de garimpeiros e a contaminação por mercúrio

A exploração de recursos naturais na Terra Indígena Yanomami é uma realidade alarmante. Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada em 2024, revelou que nove aldeias da região estão contaminadas por mercúrio, proveniente da atividade garimpeira. Os dados indicam sérios danos à saúde dos indígenas expostos a altas concentrações de mercúrio, que incluem déficits cognitivos e danos neurológicos.

Resposta do Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde do Brasil, diante da emergência declarada, implementou uma série de medidas para enfrentar a crise. O número de profissionais de saúde atuando na área saltou de 690 em 2023 para 1.855 em 2025. Um investimento significativo de R$ 596 milhões foi direcionado para melhorar a infraestrutura de saúde dos yanomamis, com foco na reabertura de polos que estavam fechados e na implementação de serviços de telessaúde.

Além disso, o ministério relatou uma redução notável na mortalidade. Em comparação ao primeiro semestre de 2024, o número de óbitos caiu 33% em 2025, incluindo uma queda de 45% nas mortes relacionadas a doenças respiratórias e uma redução ainda mais dramática de 74% nas mortes por desnutrição.

A situação dos yanomami é um chamado à ação por parte das autoridades brasileiras e da sociedade em geral. A proteção dessa população e a promoção de sua saúde são questões urgentes que demandam atenção e a formulação de políticas inteiras e sustentáveis.

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