No mais recente episódio de postagens controversas do governo dos Estados Unidos nas redes sociais, o Departamento de Segurança Nacional (DHS) lançou um vídeo promocional que mistura imagens de deportação com a trilha sonora de “Gotta Catch ‘Em All” da franquia Pokémon. A peça, divulgada em 22 de setembro, rapidamente viralizou e gerou reações de repúdio por parte de internautas e fãs da série.
Poke-debate: uso indevido de imunidade cultural e controvérsia jurídica
O vídeo apresenta cenas de agentes de imigração detendo pessoas, intercaladas com trechos da animação clássica de 1997, incluindo rodadas de Pokébolas capturando objetos e, surpreendentemente, cartas de Pokémon baseadas em indivíduos detidos. Em uma sequência final, a equipe do DHS utiliza imagens estilizadas de cartas de Pokémon com os criminosos capturados, elevando a inquietação entre o público.
O uso do tema, que remete a uma das franquias mais queridas do mundo, foi considerado ofensivo por muitos, que interpretaram a ação como de mau gosto, além de potencialmente ilegal. A conta oficial do DHS no Twitter reforçou a postagem ao responder a comentários de apoio com capturas de tela da animação, intensificando a controvérsia.
The Pokémon Company e a ausência de autorização
Em nota ao Eurogamer, a Pokémon Company deixou claro que não concedeu permissão para a utilização de sua propriedade intelectual na produção do vídeo. “Estamos cientes de um vídeo recente publicado pelo Departamento de Segurança Nacional que usa imagens e linguagem associadas à nossa marca. Nossa empresa não participou da criação ou distribuição deste conteúdo, e não foi autorizada a utilização de nossos direitos de propriedade.”
Reações de indignação e possíveis ações legais
Nas redes, a rejeição ao uso da franquia para promover a imagem de uma instituição de repressão foi massiva. Muitos sugeriram que Nintendo e Pokémon deveriam tomar medidas legais contra o governo americano por violação de direitos autorais e uso indevido de sua marca. Um usuário ironizou: “Precisamos que a Nintendo e a Pokémon processem o DHS por roubo de propriedade intelectual.” Outros criticaram a campanha por seu tom racista e fascista, que viola os princípios de amizade e diversidade promovidos pela franquia.
Uma discussão mais ampla também girou em torno do simbolismo empregado na peça, que muitos consideraram uma tentativa de desumanização e intimidação, de forma cruel e inapropriada, especialmente ao transformar pessoas em cartas e objetos de captura virtual. Um internauta resumiu a indignação ao afirmar que o vídeo representa “uma porra de uma coisa horrivelmente maligna”, explorando uma nostalgia inocente para justificar referências à violência estatal.
Impacto e consequências possíveis
Especialistas em direito e cultura digital alertam para os riscos de apropriação indevida de personagens e conceitos, principalmente quando utilizados de forma controversa por entidades públicas. Ainda não há informações sobre ações judiciais formais, mas o episódio reforça a tensão entre liberdade de expressão, direitos autorais e limites éticos na produção de conteúdo oficial.
Enquanto o debate se desenrola, a comunidade mundial de fãs de Pokémon reforçou sua postura de repúdio à manipulação de sua marca em contextos de repressão e violência. O episódio serve também como alerta para governos e órgãos públicos de que o uso de elementos culturais populares requer atenção às implicações sociais e jurídicas.
Seguem as investigações e possíveis desdobramentos desse episódio que mistura política, cultura pop e controvérsia legal, destacando os limites do humor e da comunicação institucional na era digital.