Brasil, 26 de setembro de 2025
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Estudo revela que crânio de um milhão de anos pode mudar a evolução humana

Pesquisas recentes sugerem que o ser humano pode ter se divergido dos ancestrais 400 mil anos mais cedo do que se pensava.

Uma nova reconstrução digital de um crânio de um milhão de anos sugere que os humanos podem ter se separado de seus ancestrais antigos 400 mil anos antes do que se acreditava e que essa divergência ocorreu na Ásia, e não na África, segundo um estudo divulgado na última sexta-feira.

Os resultados são baseados em uma recriação de um crânio esmagado, descoberto na China em 1990, e têm o potencial de resolver o longo debate sobre a evolução humana, conhecido como “Muddle in the Middle” (Confusão no Meio), afirmaram os pesquisadores.

O crânio, chamado de Yunxian 2, foi anteriormente considerado uma espécie de ancestral humano conhecida como Homo erectus. No entanto, tecnologias modernas de reconstrução revelaram características mais próximas de espécies que antes se pensava terem existido apenas mais tarde na evolução humana, incluindo o recentemente descoberto Homo longi e a nossa própria espécie, Homo sapiens.

“Isso muda muito o nosso entendimento”, comentou Chris Stringer, antropólogo do Museu de História Natural de Londres, que integrou a equipe de pesquisa. “Sugere que, há um milhão de anos, nossos ancestrais já estavam divididos em grupos distintos, apontando para uma separação evolutiva humana muito mais precoce e complexa do que se acreditava anteriormente”, acrescentou.

Se as descobertas estiverem corretas, isso sugere que poderia haver membros muito mais antigos de outros hominídeos primitivos, incluindo Neandertais e Homo sapiens, conforme o estudo. Além disso, isso “complica as águas” ao atacar a longa suposição de que os primeiros humanos se dispersaram da África, afirmou Michael Petraglia, diretor do Centro Australiano de Pesquisa para a Evolução Humana da Universidade Griffith, que não participou da pesquisa. “Pode haver uma grande mudança acontecendo aqui, onde a Ásia Oriental agora desempenha um papel muito fundamental na evolução dos hominídeos”, disse ele à AFP.

Estudo traz novas perguntas

A pesquisa, publicada na revista Science, utilizou avançadas técnicas de tomografia computadorizada, imagem por luz estruturada e técnicas de reconstrução virtual para modelar um crânio completo de Yunxian 2. Os cientistas se basearam em parte em outro crânio similar para moldar seu modelo, e então o compararam com mais de 100 outros espécimes.

O modelo resultante “mostra uma combinação distinta de características”, afirmou o estudo, algumas das quais são semelhantes ao Homo erectus, incluindo um rosto inferior projetado. No entanto, outros aspectos, incluindo sua capacidade cerebral aparentemente maior, estão mais próximos do Homo longi e do Homo sapiens, disseram os pesquisadores.

“O Yunxian 2 pode nos ajudar a resolver o que foi chamado de ‘Muddle in the Middle’, a confusa variedade de fósseis humanos entre um milhão e 300 mil anos atrás”, declarou Stringer em um comunicado. Muitas questões sobre a evolução humana continuam em debate, e Petraglia comentou que as descobertas do estudo são “provocativas”, embora baseadas em um trabalho sólido. “É consistente, mas acho que o júri ainda está em dúvida. Acredito que muitas perguntas serão levantadas”, observou.

Andy Herries, arqueólogo da Universidade La Trobe, disse que não estava convencido das conclusões e que a análise genética havia mostrado que a morfologia de fósseis, ou forma, “nem sempre é um indicador perfeito para a evolução humana”. “Eles têm essa interpretação que eu simplesmente não acho que considere as histórias genéticas dessas coisas que sabemos”, comentou ele à AFP.

As descobertas são apenas as mais recentes em uma sequência de pesquisas que complicaram o que pensávamos saber sobre nossas origens. O Homo longi, também conhecido como “Homem Dragão”, foi nomeado como uma nova espécie e parente humano próximo em 2021, por uma equipe que incluía Stringer. Os autores afirmaram que seu trabalho ilustra a complexidade de nossa história compartilhada. “Fósseis como o Yunxian 2 mostram o quanto ainda temos a aprender sobre nossas origens”, concluiu Stringer.

Mais informações:
Xiaobo Feng et al, “The phylogenetic position of the Yunxian cranium elucidates the origin of Homo longi and the Denisovans”, Science (2025). DOI: 10.1126/science.ado9202

© 2025 AFP

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