Brasil, 26 de setembro de 2025
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A guerra fria entre Câmara e Senado fragiliza Hugo Motta

A relação entre a Câmara dos Deputados e o Senado se deteriora, com consequências para a liderança de Hugo Motta.

A atual relação entre a Câmara dos Deputados e o Senado Brasileiro tem se tornado um verdadeiro campo de batalha, levando à fragilização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Após uma série de desavenças e questões de liderança, deputados questionam publicamente a capacidade de Motta de continuar à frente da Casa, com algumas vozes levantando a possibilidade de não apoiá-lo em uma reeleição.

A questão da PEC da Blindagem

O cerne da discórdia é a PEC da Blindagem, que busca restringir investigações e processos contra congressistas. Essa proposta, que vinha sendo discutida com entusiasmo por uma aliança entre bolsonaristas e o Centrão, acabou sendo rejeitada pelo Senado, o que deixou os deputados em uma situação desconfortável, considerando a pauta tóxica e impopular.

No mesmo dia em que o Senado enterrou a proposta, senadores aprovaram um projeto alternativo de isenção do Imposto de Renda, insinuando que os deputados estavam mais preocupados com suas próprias agendas do que com o bem-estar da população. Essa rejeição acentuou a sensação de isolamento e vulnerabilidade na Câmara.

Promessas de retaliação

Com as tensões aumentando, uma facção de deputados começou a levantar preocupações sobre um sigilo imposto pelo Senado em relação ao registro de entrada e às imagens de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ele é suspeito de ser parte de um esquema de desvios no Instituto Nacional do Seguro Social. Os deputados alegam que, se os senadores preconizam moralidade, deveriam tornar essas imagens públicas.

Os líderes insatisfeitos na Câmara clamam por uma correção de rumo, após o que consideram um naufrágio da imagem da Câmara diante da opinião pública em relação à PEC da Blindagem. A crítica se volta não só para a decisão do Senado, mas também para a postura de Motta, que, durante esse período tumultuado, pareceu confiar mais no apoio do Senado do que nos próprios deputados.

Desconexão entre os líderes

Informações indicam que Motta começou seu mandato bem alinhado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o que levou a um distanciamento de suas próprias bases na Câmara. Acusações de que suas decisões não refletiram a vontade dos deputados se multiplicam, principalmente após o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao aumento do número de deputados.

A sensação de traição e impotência entre os deputados é palpável. Eles acreditam que a postura de Alcolumbre e a maneira como a PEC da Blindagem foi tratada não foram condizentes com a responsabilidade da Câmara, resultando em uma crescente insatisfação.

Uma nova dinâmica no governo

Enquanto isso, o governo federal observa a disputa à distância, confiante de que suas pautas prioritárias estão a salvo. O projeto mais significativo de Motta, a isenção do Imposto de Renda, foi anunciado com urgência e deverá ser votado em breve. Essa movimentação foi interpretada como uma tentativa de recuperar o prestígio da Câmara e ofuscar a pressão que se acumulou em relação à PEC da Blindagem.

Os congressistas, no entanto, expressam dúvidas sobre a capacidade de Motta de manter a unidade em um cenário político dividido e hostil. Nos últimos dias, ficou claro que Motta aceitou votar a proposta de isenção do IR separadamente da votação da PEC, algo que muitos temem que enfraqueça ainda mais seu comando.

A atual situação na Câmara é marcada por uma tensão palpável e desconfiança. Mesmo com as diversas pressões e desafios, a liderança de Hugo Motta está sob constante fogo cruzado, e a sua habilidade em navegar por essas águas turbulentas se tornará cada vez mais crucial não apenas para sua permanência no cargo, mas também para a eficácia legislativa da Câmara como um todo.

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