O empresário Joesley Batista encontrou-se com o presidente americano, Donald Trump, no início de setembro, para tratar da tarifa de 50% aplicada à carne brasileira exportada para os Estados Unidos. O encontro ocorreu em um momento de tensões nas relações comerciais entre Brasil e EUA, devido à sobretaxa imposta pelo governo americano.
Salvaguarda da carne brasileira e peso da JBS nos EUA
Apesar das discussões, a carne brasileira acabou ficando isenta da tarifa. A JBS, controlada pela família Batista, tem significativa influência no mercado americano, com metade de sua receita global proveniente dos Estados Unidos. A multinacional, que recentemente passou a negociar ações na Bolsa de Nova York, planeja investir US$ 835 milhões (quase R$ 4,5 bilhões) em fábricas de linguiça e bacon no país neste ano.
A influência da JBS nos EUA é reforçada pela sua operação de carne bovina, a JBS USA, que responde por mais de 50% da receita total da empresa, que em 2024 chegou a R$ 417 bilhões. Além disso, a fabricante de aves Pilgrim’s, adquirida há alguns anos pelos brasileiros, foi uma das principais doadoras de campanha de Donald Trump, contribuindo com US$ 5 milhões (R$ 26,8 milhões).
Contexto diplomático e iniciativas empresariais
O peso da JBS nos EUA credenciou Joesley Batista para o encontro com Trump, em meio a uma delicada fase nas relações diplomáticas e comerciais entre os dois países. A tensão aumentou após críticas de Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF e pela defesa de Bolsonaro pelo empresário, agravando o distanciamento político.
Além de Joesley, outros empresários brasileiros também visitaram Washington nos últimos dias, incluindo João Carlos Camargo, presidente do Esfera Brasil, que compartilhou nas redes sociais o objetivo de fortalecer os laços comerciais e ‘reduzir tarifas, reestabelecendo um diálogo amistoso’ com os EUA.
Pressão empresarial e retomada do diálogo
Interlocutores afirmam que a pressão de empresários brasileiros, aliados a parlamentares e associações de comércio, influenciou a decisão de Trump de dialogar com o Brasil. A reunião entre Trump e Lula, que ocorrerá na Assembleia Geral das Nações Unidas, também é vista como uma oportunidade para reestabelecer o diálogo entre as nações.
Investimentos e impacto na pauta comercial
Além da carne, a JBS e a Embraer demonstraram interesse estratégico em fortalecer sua presença nos EUA. A Embraer anunciou planos de investir até US$ 1 bilhão (R$ 5,36 bilhões) no país, além de potencializar negócios que podem atingir US$ 21 bilhões (R$ 12,5 bilhões) até 2030. Essas ações colaboram para reabrir canais comerciais e diminuir tensões, reforçando o intercâmbio econômico bilateral.
A importância dos produtos brasileiros, como carne e café, é fundamental para os EUA, que dependem dessas importações para equilibrar sua produção interna e evitar pressões inflacionárias. Para a JBS, cuja exportação de carne bovina para os EUA corresponde a pouco mais de 1% de sua receita no Brasil, a operação no país é estratégica, gerando a maior parte de sua receita global.
Perspectivas futuras e cenário econômico
O cenário sugere que as negociações comerciais entre Brasil e EUA podem melhorar, com a possibilidade de encontros oficiais e maior cooperação empresarial, especialmente se as conversas entre Lula e Trump se concretizarem na próxima semana. Assim, o equilíbrio entre interesses econômicos e diplomáticos será crucial para o fortalecimento da relação bilateral.
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