Brasil, 26 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Pobreza na Argentina cai para 31,6% no primeiro semestre

A redução da pobreza na Argentina foi de 6,5 pontos percentuais, mas especialistas alertam para possíveis superestimações nos números oficiais.

A taxa de pobreza na Argentina caiu para 31,6% da população no primeiro semestre de 2025, conforme dados oficiais divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (Indec). Este número representa uma diminuição significativa em relação ao segundo semestre de 2024, quando a prevalência da pobreza era de 38,1%, entre os 47 milhões de habitantes do país. Além disso, a porcentagem de extrema pobreza também recuou para 6,9%, ante 8,2% no semestre anterior.

Impacto e contestação dos números oficiais

Apesar da melhora, especialistas destacam que a magnitude do avanço pode estar superestimada devido a limitações metodológicas e à ausência de atualização das cestas de referência utilizadas na medição. O sociólogo Daniel Schteingart, do centro de pesquisa Fundar, explicou à AFP que a redução da pobreza deve ser interpretada com cautela, pois a metodologia atual apresenta fragilidades que podem distorcer os resultados. “Quando há muita inflação mensal, esse descompasso de um mês entre renda e cesta aumenta os números de pobres”, afirmou.

Contexto econômico e político

O dado foi divulgado um dia após o programa econômico do presidente ultraliberal Javier Milei receber forte respaldo dos Estados Unidos, o que tranquilizou os mercados e estabilizou o peso argentino, em meio a um clima de tensão social. Milei, que implementou um rigoroso ajuste fiscal e conseguiu reduzir a inflação de 211% ao final de 2023 para 33,6% em agosto de 2025, enfrenta críticas pela forte desaceleração no crescimento econômico, no consumo e no emprego.

Segundo o Ministério de Capital Humano, a melhora nos indicadores de pobreza foi resultado das próprias políticas do governo e do esforço para equilibrar a economia e conter a inflação. No entanto, a Universidade Católica alertou que a redução da pobreza está “superestimada”, ressaltando que os padrões de consumo utilizados nas cestas de referência estão defasados em relação à realidade atual, que sofreu alterações desde a última revisão, há mais de uma década.

Críticas e desafios futuros

Especialistas como Daniel Schteingart enfatizam que a metodologia do Indec possui fragilidades potencializadas pelo efeito da inflação, especialmente na comparação entre rendimentos declarados e os custos atuais das cestas básicas. Além disso, o ano de 2024 mostrou, na prática, que várias ações do governo, como a eliminação de subsídios tarifários para água, gás e eletricidade, elevaram os preços de forma astronômica, sem refletir adequadamente nos índices oficiais de inflação e pobreza.

O panorama da pobreza na Argentina segue complexo, com melhorias aparentes mascaradas por limitações na medição e por fatores econômicos que continuam desafiando o país. Ainda assim, a rápida mudança no cenário político e econômico reforça a necessidade de análises cautelosas e de atualizações mais frequentes nas metodologias de avaliação social.

Para acessar a matéria completa, clique aqui.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes