No dia 24 de setembro de 2025, a Guiné-Bissau comemorou 52 anos de sua independência, um marco histórico que também está profundamente entrelaçado com a trajetória da banda musical Super Mama Djombo. Formada nos anos 60 durante um acampamento de escuteiros, a banda tornou-se um ícone da luta pela emancipação dos guineenses, inspirando-se nos ensinamentos do líder da libertação, Amílcar Cabral. Apesar de ter se dissolvido nos anos 80, a Super Mama Djombo continua a dar importantes sinais de vida, com a produção de um documentário sobre sua história por parte de estudiosos e cineastas. Este artigo irá explorar a importância cultural e histórica da banda na identidade guineense.
A trajetória de Super Mama Djombo na luta pela independência
A banda Super Mama Djombo, ao longo de cinco décadas, tornou-se uma das principais vozes da Guiné-Bissau, simbolizando a luta pela independência e a consciência crítica do povo. Criada em meados da década de 1960, seus fundadores foram crianças que, com o passar do tempo, se tornaram jovens ativistas. Em um cenário político conturbado, a orquestra foi formada por integrantes que inicialmente eram ligados à Igreja Católica, mas que logo foram afastados devido à natureza política de suas músicas.
O nome da banda, “Mama Djombo”, é uma homenagem a uma divindade local cujo santuário fica em Cobiana, interior do país. Durante a luta pela independência, os combatentes buscavam proteção e inspiração nessa figura mitológica, refletindo a conexão da banda com a cultura e a espiritualidade dos guineenses. Em 1974, após a independência, a banda ganhou notoriedade ao participar de eventos oficiais e de campanhas políticas que reverberavam as esperanças do novo país livre.
Os altos e baixos da banda
Com a incorporação de Adriano Atchutchi como líder da banda em 1974, a Super Mama Djombo tornou-se ainda mais popular. O lançamento do álbum “Na Cambança”, em 1980, consolidou sua presença nas paradas musicais, especialmente a canção “Pamparida”, que rapidamente se tornou um sucesso em toda a África Ocidental. No entanto, com a mudança política em 1986 e a deposição do presidente Luís Cabral, o apoio estatal à banda foi retirado, levando a um período de crise e eventual separação em 1986.
Ainda assim, a essência da Super Mama Djombo permaneceu viva, sendo resgatada na trilha sonora do filme “Udju Azul di Yonta” de Flora Gomes, em 1993. A banda fez um retorno significativo em 2012 com uma turnê pela Europa, envolvendo muitos dos membros originais, e continuou a celebrar seu legado com concertos na África e na Europa.
Super Mama Djombo, um legado contínuo
Recentemente, em 2022, durante a celebração dos 50 anos da banda, uma intensa agenda de concertos foi realizada, apresentando os maiores sucessos e proporcionando uma nova oportunidade para as novas gerações conhecerem a história e a música da Super Mama Djombo. A orquestra não apenas celebrou as vitórias do povo guineense, mas também abordou questões sociais relevantes, mantendo-se um veículo de crítica e conscientização na sociedade.
O último álbum lançado em 2007, “Ar Puro”, foi gravado na Islândia e reflete a capacidade de inovação e renovação da banda. Atualmente, o grupo apresenta novos projetos e divulga músicas nunca antes ouvidas pelo público, prometendo um futuro vibrante. Com a liderança de Atchutchi, planos de novas atuações na Guiné-Bissau, Cabo Verde, Senegal e França estão sendo discutidos, assegurando que o legado da Super Mama Djombo continue a ecoar pelas gerações futuras.
Assim, a Super Mama Djombo permanece uma orquestra do povo, um símbolo da cultura da Guiné-Bissau e um testemunho da resiliência e força de um povo que luta por sua identidade e direitos.
Dulce Araújo – Vatican News
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