Na última terça-feira (23), o Pantanal brasileiro foi palco de uma tragédia quando o piloto Marcelo Pereira de Barros, conhecido como “Marcelo Pantaneiro”, perdeu a vida em um acidente aéreo que resultou na morte de três outras pessoas. O avião, um Cessna 175, caiu na zona rural de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, enquanto tentava pousar nas proximidades da Fazenda Barra Mansa, uma localidade que atrai turistas pelo seu cenário natural.
O acidente
O Cessna 175, que tinha a matrícula PT-BAN e era de propriedade de Marcelo, fazia parte de suas operações para transportar turistas e profissionais que visitavam a região. De acordo com investigações preliminares, a aeronave não conseguiu pousar na pista, levando à queda. O motivo do acidente está sendo apurado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
A bordo do avião estavam três passageiros: o arquiteto chinês Kongjian Yu, famoso por suas inovações em urbanismo e planejamento sustentável, e os cineastas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. A perda de tais personalidades na área de design e audiovisual elevou a comoção em relação ao episódio, evidenciando a importância do Pantanal no turismo e cultura do Brasil.
O legado de Marcelo Pereira de Barros
Natural de Aquidauana, Marcelo Pereira de Barros sempre levou consigo uma paixão imensa pelo bioma pantaneiro. Ele compartilhava em suas redes sociais a beleza da região, expressando um amor profundo por suas paisagens. Conhecido entre amigos e familiares por sua habilidade e dedicação, Marcelo se destacou não só como piloto, mas também como um defensor do turismo sustentável. Ele ajudava a divulgar pousadas locais e iniciativas comunitárias, contribuindo para o desenvolvimento econômico de pequenos produtores na região.
“Foi horrível, muito horrível”, declarou Daniela Costa Arruda, viúva de Marcelo, que lamentou a perda repentina do marido, sem ter tido a chance de se despedir adequadamente. A dor da família é sentida por cada membro da comunidade pantaneira, que recorda de Marcelo como um amigo, pai e um ser humano gentil.
A importância do piloto para o turismo no Pantanal
Marcelo teve um papel decisivo na promoção de um turismo de base comunitária, vital para a valorização do Pantanal e seus recursos naturais. Segundo André Luiz Siqueira, pesquisador do Instituto Ecoa, “ele foi fundamental para ajudar ribeirinhos e pequenos produtores a desenvolverem o que o Pantanal tem de melhor: o turismo sustentável”. André ressalta que a dedicação de Marcelo aos pequenos projetos contrastava com a visão corporativa que muitas vezes predomina no setor. Ele era reconhecido por sua sensibilidade e carisma, características que cativavam tanto turistas quanto moradores da região.
“O Pantanal é uma luta diária. Marcelo fazia parte dessa luta”, completou o pesquisador, destacando a trajetória do piloto em um contexto de dificuldades locais, como incêndios e a necessitada valorização de pequenas propriedades rurais.
Sobre a aeronave e regulamentações
A aeronave que tragicamente caiu era um Cessna 175, fabricado em 1958. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), esse modelo só pode operar durante o dia e em condições visuais favoráveis, além de não possuir instrumentos adequados para voos noturnos. O acidente levanta questões sobre as regulamentações da aviação regional, uma vez que o avião não possuía autorização para operar como táxi-aéreo, o que restringe legalmente o tipo de serviço que o piloto poderia oferecer.
O cenário da aviação no Brasil, especialmente em áreas remotas como o Pantanal, ainda pode ser aprimorado para garantir maior segurança e evitar tragédias como a que vitimou Marcelo e seus passageiros.
Com o luto ainda recente, a comunidade local se une em solidariedade às famílias das vítimas. Marcelo Pereira de Barros será sempre lembrado como um defensor incansável do Pantanal, e sua ausência deixa um vazio profundo em todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
As investigações sobre o acidente continuam, e espera-se que lições possam ser aprendidas para fortalecer a segurança na aviação regional e proteger a memória daqueles que perderam suas vidas.