O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, elogiou o presidente argentino Javier Milei na noite de quarta-feira, durante uma cerimônia de gala em Nova York, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. Bessent afirmou que Milei “lançou as bases para uma nova era dourada na Argentina”, reconhecendo seus esforços para revitalizar a economia do país e promover reformas.
Reforço de apoio financeiro à Argentina
Na mesma ocasião, foi anunciado que o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) irão antecipar US$ 8 bilhões à Argentina, em meio à crise cambial que o país enfrenta. Segundo fontes oficiais, o apoio financeiro é fundamental para ajudar na estabilização da moeda e na retomada da confiança dos investidores, enquanto o governo argentino tenta evitar um colapso econômico.
Relações estreitas com os EUA e apoio ao projeto de Milei
Durante sua apresentação, Bessent declarou: “Esta noite reconhecemos o presidente Javier Milei por seus incansáveis esforços para tornar a Argentina grande novamente”. Ele exaltou a “liderança visionária” de Milei, ressaltando que o líder argentino “reconheceu que o governo não é a solução, é o problema”. O evento contou com a presença de figuras internacionais, como Emmanuel Macron e Gianni Infantino, e reforçou a aproximação do governo norte-americano com a Argentina.
A participação de Bessent e a homenagem a Milei ocorrem enquanto o governo dos EUA corre para oferecer apoio à administração argentina, cujo país busca evitar uma crise financeira. O secretário do Tesouro revelou que os Estados Unidos estão negociando uma linha de swap de US$ 20 bilhões com a Argentina e prontos para comprar títulos estrangeiros do país, numa tentativa de sustentar a moeda nacional.
Impulsos econômicos e apoio político
Com seu histórico como um dos principais vendedores de títulos do mercado mundial, Bessent ganhou notoriedade por ajudar George Soros a apostar contra a libra esterlina em 1992. Agora, tenta apoiar a moeda argentina, agindo na linha de frente na tentativa de equilibrar a crise financeira causada por incertezas nos planos econômicos de Milei, que mantêm sua posição de confiança apesar da turbulência.
Milei, por sua parte, permaneceu firme ao afirmar que está no caminho certo. Em discurso a seus apoiadores, prometeu que está fazendo “o que é certo, em vez do que é confortável e fácil”, apesar das tentativas de oposição de explorar vulnerabilidades, antes de uma importante votação para o Congresso no próximo mês.
Perspectivas e desafios futuros
As recentes perdas eleitorais do partido de Milei na província de Buenos Aires aumentaram as preocupações dos investidores, que temem uma perda de apoio político necessário para suas reformas. As relações internacionais de Milei continuam próximas aos Estados Unidos, contrastando com líderes de esquerda na América Latina com os quais Trump frequentemente entrou em conflito, impondo tarifas e adotando políticas protecionistas na região.
Embora Trump tenha priorizado questões domésticas após sua eleição, ele demonstrou forte apoio à Argentina nesta crise, sinalizando uma prioridade no fortalecimento do aliado latino-americano. A estratégia americana inclui ainda uma medida recente do governo argentino, que zerou tributos às exportações de grãos para atrair mais dólares ao país.
Aliado na região contra a esquerda
Para os Estados Unidos, Milei representa um aliado conservador em uma região dominada por líderes de esquerda. As drásticas reformas propostas por Milei no Estado argentino são vistas como um modelo para Trump, que busca reduzir o tamanho do setor público também nos EUA. Essa aliança, reforçada por apoio financeiro e político, ocorre pouco antes de eleições legislativas cruciais na Argentina, com pesquisas indicando avanço da oposição.
A aproximação entre Milei, Trump e os apoiadores de forte influência financeira dos EUA evidencia uma estratégia de intervenção que busca sustentar a estabilidade econômica da Argentina em meio às turbulências eleitorais e econômicas, enquanto impulsiona uma agenda de reformas pró-mercado na região.
Fonte: O Globo