No dia 28 de setembro, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como o “Careca do INSS”, prestará depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga um esquema bilionário de cobranças ilegais a aposentados e pensionistas. Preso desde 12 de setembro, Antunes é considerado um dos principais operadores das fraudes e desvios de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
Expectativas para o depoimento
A oitiva de Antunes é aguardada com grande expectativa. A CPI tentara anteriormente ouvir o empresário, mas não obteve sucesso. Essa será a primeira vez que o advogado terá a oportunidade de se dirigir ao público sobre as acusações que pesam contra ele. Na última segunda-feira, Antunes respondeu a perguntas da Polícia Federal e negou qualquer tipo de irregularidade.
Antunes, que se encontra detido na superintendência da Polícia Federal em Brasília, conta com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio durante o depoimento. A decisão do ministro André Mendonça reforça que seus direitos constitucionais, incluindo o direito ao silêncio e à não auto incriminação, devem ser garantidos.
A atuação do empresário
Os parlamentares que compõem a CPI planejam questionar Antunes sobre sua “influência política” e sua “capacidade financeira e intimidatória”. Esses pontos foram utilizados pela Polícia Federal para justificar a prisão dele dentro da Operação Sem Desconto. Apesar de nunca ter ocupado um cargo oficial no INSS, Antunes é apontado como um lobista que se beneficiava de vantagens junto a servidores do órgão e trabalhava em nome de entidades sob investigação.
Um recente documento sigiloso da Polícia Federal revelou que Antunes estaria associado a 11 veículos, incluindo quatro Porsches e quatro BMWs, apreendidos durante as investigações. Além disso, uma planilha indicou que ele realizou 20 viagens internacionais entre 2023 e 2024, com um padrão de entrada e saída do país em direção à Europa e Estados Unidos. Esses dados foram divulgados pelo portal Metrópoles e confirmados pelo GLOBO.
Motivos para a prisão
Os investigadores apresentaram argumentos para justificar a prisão de Antunes, que envolveram a compra de uma propriedade nos Estados Unidos e a possibilidade de que ele pudesse evadir-se do país, indicando risco de fuga iminente. A defesa do empresário, por sua vez, optou por se manifestar apenas nos autos do processo.
Esquema de fraudes e movimentações financeiras
Documentos apresentados à CPI indicam que Antunes e empresas ligadas a ele receberam cerca de R$ 25,5 milhões de associações e intermediários relacionados ao suposto esquema. Entre os registros, há uma transação suspeita de R$ 100 mil para um secretário municipal em uma cidade do interior do Maranhão. Além disso, entre 2023 e 2024, o empresário remeteu R$ 9,3 milhões para pessoas associadas a servidores do INSS.
Outro ponto que levantou suspeitas foi a descoberta de uma empresa offshore em nome de Antunes nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal. Essa informação lançou ainda mais dúvida sobre a conduta do empresário, com a Polícia Federal concluindo que a “coincidência temporal” com o esquema de fraudes do INSS, seu relacionamento com uma empresa nas Ilhas Virgens e as transações de alto valor são indícios de que essas operações buscam ocultar a origem ilícita dos recursos.
Antunes enfrenta sérios desafios a partir do depoimento que prestará na CPI, e as respostas que ele dará podem potencialmente moldar o futuro das investigações em curso. A sociedade aguarda ansiosamente por mais esclarecimentos sobre um dos esquemas de fraudes mais corrompidos que afetaram aposentados e pensionistas no Brasil.
O desfecho da CPI e a real profundidade do envolvimento de Antunes são temas que continuarão a ser debatidos, à medida que a investigação avança e novos detalhes podem ser revelados.