No último mês, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) revelou que quase 150 detentos de unidades prisionais do Vale do Paraíba e região não retornaram após a ‘saidinha temporária’. O benefício foi concedido a partir do dia 16 de setembro e chegou ao fim na segunda-feira, 22 de setembro. Com um total de 3.225 condenados beneficiados, a situação levanta preocupações sobre a eficácia do sistema de ressocialização no Brasil.
A saída temporária e suas regras
A saída temporária, também conhecida como “saidinha”, é um benefício destinado a internos que possuem bom comportamento e estão cumprindo pena em regime semiaberto. De acordo com a legislação brasileira, os presos têm direito a até quatro saídas por ano, onde podem aproveitar a liberdade temporária para manter laços com a família e a sociedade.
Essas saídas são vistas como uma medida de ressocialização, permitindo que os detentos reflitam e se readaptem à vida fora do sistema prisional. Entretanto, os dados apresentados pela SAP evidenciam o desafio de garantir o retorno desses indivíduos ao convívio dentro das instituições prisionais após o término do benefício.
Dados sobre os detentos que não retornaram
No total, a cidade de Tremembé apresentou o maior número de não retornos com 124 detentos, seguida por Potim e Caraguatatuba, onde 19 e 5, respectivamente, não voltaram às prisões. Os números são alarmantes considerando que a principal função da saída temporária é promover a reintegração ao convívio social e verificar a evolução do comportamento dos internos.
Relação dos beneficiados por unidades prisionais
Abaixo, as unidades prisionais da região e o número de beneficiados pela saída temporária:
- P1 Masculina Tremembé: 246
- P2 Masculina Tremembé: 123
- P1 Feminina Tremembé: 86
- P2 Feminina Tremembé: 105
- Pemano Tremembé: 2.323
- Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José: 1
- Centro de Detenção Provisória (CDP) de Caraguatatuba: 114
- P1 Potim: 27
- P2 Potim: 186
Desafios da ressocialização e próximos passos
A situação traz à tona um debate necessário sobre os desafios enfrentados pelo sistema penitenciário brasileiro. A falta de retorno correto dos detentos após o uso do benefício de saída temporária levanta questões sobre a eficácia das medidas de ressocialização e a possibilidade de aprimoramento nas abordagens adotadas.
Especialistas em direitos humanos e políticas públicas afirmam que é fundamental revisar e reforçar as estratégias de ressocialização, garantindo que elas realmente levem em consideração as necessidades dos detentos e suas famílias, bem como as expectativas da sociedade. Além disso, a efetividade do monitoramento pós-saída deve ser considerada para evitar que mais casos como esse se repitam.
É vital que as autoridades busquem soluções eficazes para prevenir a evasão dos detentos, assim como monitorar continuamente os que usufruem do benefício de saída temporária. Um acompanhamento mais próximo e um programa de reintegração social mais estruturado podem ser caminhos para garantir que a ressocialização não se transforme em uma oportunidade para a impunidade.
Com a divulgação desses dados, a sociedade é chamada a refletir sobre a realidade dos encarcerados e o papel que cada um pode desempenhar na promoção de um sistema carcerário mais justo e humano. Somente através de ação conjunta e de políticas eficientes poderemos evoluir em relação a essa questão delicada e complexa.
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